terça-feira, 16 de agosto de 2011

AO PÉ DO OUVIDO// Trilha sonora de um filme imaginário

Por Rosualdo Rodrigues

Um dos discos mais interessantes que chegou às minhas mãos (e ouvidos) nos últimos dias se chama Rome. É um trabalho conjunto de dois músicos. O norte-americano Danger Mouse é um DJ e produtor que, pelo visto, adora trabalhar a dois. É parceiro de Cee Lo Green no Gnarls Barkley e de James Mercer no Broken Bells. Também produziu discos de Beck (Modern guilt) e Gorillaz (Demon days). O italiano Daniele Luppi é maestro e arranjador. Criou música para cinema -- tem faixas dele em Sob o sol da Toscana e Nine, por exemplo — e fez arranjos de cordas em discos de John Legend e, não por acaso, nos de Gnarls Barkley e Broken Bells.

E então... O encontro
desses dois rendeu um disco cheio de climas, viajandão, com músicas que parecem ter sido criadas sobre imagens em movimento e, ao mesmo tempo, com uma atmosfera pop, no sentido de captar de imediato a atenção do ouvinte e se fixar facilmente em seus ouvidos e memória. São canções muito melodiosas, ora instrumentais, ora cantadas por ninguém menos que Norah Jones e Jack White (do White Stripes), duas vozes que acrescentam muito ao que já é bom por si (os dois entre Danger e Lupi na foto acima).

Cada um canta em três das 15 faixas do disco. Norah em
Season’s trees, Black e Problem queen; White em The rose with a broken neck, Two against one e The world. Cada faixa melhor que a outra, tanto que, para não correr o risco de ser injusto, eu não sustentaria a afirmação de que The world, fechando o disco de forma arrebatadora, é a mais comovente de todas.

As faixas instrumentais, principalmente, têm um ar retrô, com assumida inspiração em Ennio Moricone, conterrâneo de Lupi, autor de trilhas antológicas no cinema (dos clássicos Por um punhado de dólares e Era uma vez no Oeste ao recente Bastardos inglórios). Interessante é que não há um desnível entre músicas instrumentais e cantadas, parecem ter sido criadas para serem ouvidas na sequência, como a trilha de um filme imaginário.

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