ABOBRINHAS // Lótus azul?!

Luciano MilhomemColunista de Alimentação Natural do Gastronomix

Só descobri há poucos dias que a flor de lótus pode ter outras cores além da branca. Existe flor de lótus vermelha, rosa e azul. Cada uma tem seu significado no Budismo. A branca, mais conhecida, representa a pureza da mente e a perfeição espiritual. A vermelha simboliza sentimentos, como a paixão, a compaixão e o amor. A rosa é considerada a lótus de todas as lótus, reservada às mais altas divindades. A azul significa a vitória do espírito – inteligência, conhecimento, sabedoria – sobre os sentidos. Mas não foi por causa da religião budista que tomei conhecimento da existência das outras cores da flor de lótus e de sua curiosa simbologia. Na verdade, foi por um motivo muito simples.

Almocei, recentemente, em um novo restaurante de alimentação natural, o Lótus Azul, primeiro do gênero no setor Sudoeste, em Brasília. O bairro, já superpovoado, onde proliferam bares, cafés, lanchonetes, steak houses, pizzarias, ainda não tinha um restaurante onde vegetarianos pudessem se sentir à vontade – pelo menos em termos de comida, pois, no Lótus Azul, observei um fato que talvez seja indício de nova tendência: alimentação natural servida em espaço que pouco ou nada lembra um tradicional restaurante “natureba”.

O Lótus Azul tem, por exemplo, um atípico requinte na decoração, que começa no teto caprichosamente trabalhado e chega ao piso, passando por uma surpreendente parede d’água borbulhante em tons de azul. Não chega a ser um restaurante de luxo.

É um ambiente ao mesmo tempo simples e elegante, clean, onde se encontra um saboroso buffet self-service com verduras, legumes, frutas, arroz integral, bolinho de carne de soja, lasanha (de vegetal), refogados, farofa, tortas, entre outros pratos frios e quentes. Nada de carne vermelha. Há concessão para frango e peixe, porém. Sobremesas leves dividem espaço com doces comuns, mais calóricos. O bolo de cenoura com cobertura de chocolate e coco ralado é obrigatório.

A ideia do Lótus Azul é oferecer alimentação saudável sem radicalismos nem paranóias. Nas prateleiras do empório perto do caixa, estão os clássicos produtos orgânicos, entre eles o primeiro pão orgânico no comércio da cidade (a se crer no anúncio do produtor). Aos sábados, o Lótus Azul serve feijoada vegetariana.

Em dia de semana, comi o trivial – legumes, verduras, arroz integral, feijão, farofa de cenoura, bolinhos de carne de soja. Havia outras opções, mas preferi pegar leve. No domingo, além do básico, experimentei a torta de alho poró – deliciosa. Amigos aprovaram o salmão ao molho de maracujá. Os donos informam que o cardápio varia diariamente.

Aberto há cerca de dois meses, o Lótus Azul é boa opção tanto para os moradores do Sudoeste, como eu, que precisavam ir até a Asa Sul ou a Asa Norte para encontrar um restaurante natural, quanto para os habitantes de outros bairros, que podem variar de ambiente. Gostei da novidade. Senti falta apenas de mais opções de suco natural, algo em que os donos, dois jovens empreendedores, ainda podem investir.

Detalhe: o Lótus Azul tem a vantagem de estar aberto todos os dias. Aos fins de semana, o restaurante só fecha às 15h30. Dá para dormir até mais tarde e escapar do alvoroço dos shopping centers, únicos lugares em Brasília onde normalmente se encontra o que comer depois das 14h. Vale a pena conferir!

Lótus Azul
CLSW 100, bloco A, lojas 19/24
Sudoeste, Brasília – DF.
Telefone: 3046-8483.
Horário de funcionamento: segunda a sexta das 11h às 14h30,
sábados e domingos das 11h às 15h30.
Preço: R$ 39,90 o quilo.

(*) Luciano Milhomem é jornalista, bacharel em Filosofia e não come carne de bípedes e quadrúpedes há quatro anos. Ele assina a crônica mensal aqui no Gastronomix.