quarta-feira, 6 de julho de 2011

AO PÉ DO OUVIDO// A arte de ser simples

Por Rosualdo Rodrigues

Correndo contra o tempo, transcrevo hoje aqui, para não passar em branco, o comentário que escrevi para o Correio Braziliense recentemente sobre o novo CD de Tiê, A coruja e coração:

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Em A coruja e o coração, Tiê deixa o minimalismo do disco de estreia, Sweet jardim, e parte em busca de novas sonoridades, mas não deixa de lado a simplicidade. Simplicidade que não tem exatamente a ver com simplificação, mas com o exercício de tirar excessos, concentrar-se no essencial. Seja na música ou na construção das letras.

Um ótimo exemplo desse enxugamento (talvez pela possibilidade de comparação com o original do Calcinha Preta) é, ironicamente, a versão que ela faz do forró Você não vale nada. Usando palmas e violão e mostrando que há diferentes formas de dizer uma mesma coisa, Tiê consegue dar elegância a uma música que, de saída, está bem próxima da vulgaridade.

O mesmo princípio do menos é mais é empregado nas demais faixas, sejam as autorais (com diferentes parceiros) ou nas delicadas versões de
Só sei dançar com você, de Tulipa Ruiz, e Mapa-múndi, de Thiago Pethit — não por acaso, dois nomes que fazem parte da, digamos, turma de Tiê e que chamam atenção justamente pelas mesmas características. Poesia direta e música para ninar gente grande em tempos tumultuados.

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