quarta-feira, 29 de junho de 2011

AO PÉ DO OUVIDO// À vontade, com os Hime

Por Rosualdo Rodrigues

Imagine que você fosse convidado a uma tarde musical na casa dos Hime, Olivia e Francis; ele ao piano, ora cantando, ora deixando-a soltar a voz… E que os dois de desobrigassem de mostrar as músicas próprias — que são muitas — para cantar descontraidamente as canções de que gostam, aquelas com que se identificam. Esse clima de sarau musical intimista reina em Almamúsica, disco que acaba de sair e que é, para todos os efeitos, o primeiro da dupla.

“Para todos os efeitos” porque, apesar de ser o primeiro que vem com os nomes dos dois na capa, Olivia e Francis, na verdade, desenvolvem uma relação afetiva e musical desde 1969, com um participando ativamente de discos do outro. Compõem juntos, ele faz arranjos e a acompanha nos discos dela, ela canta em disco dele…

O clima descontraído é reforçado pela opção de encadear várias músicas em uma mesma faixa, intercaladas por citações, como se elas fossem entrando no repertório por acaso, puxadas pela memória a partir de um acorde. Assim, Valsa de Eurídice (Vinicius de Moraes) leva a Saudade de amar (Vinicius e Francis), que leva a O grande amor (Tom Jobim e Chico Buarque)… E no meio disso surgem algumas surpresas, como Desde que o samba é samba (Caetano Veloso) e Paciência (Lenine e Dudu Falcão) na voz de Olivia.

Almamusica é descontraído sim, mas sem deixar de lado o cuidado minucioso e respeitoso com que os Hime sempre trataram a música.

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