terça-feira, 17 de maio de 2011

AO PÉ DO OUVIDO// Quero o Pinduca de volta...

Por Rosualdo Rodrigues

A moça da foto é Viviane Batidão, uma das principais representantes do tecnomelody, um estilo musical produzido no Pará, que nada mais é que uma variação do tecnobrega, também de lá... Se você não ouviu falar nem um nem de outro, não tem importância. O tecnomelody, especialmente, é muito ruim. Mas muito ruim mesmo. Não tem o apelo rítmico da lambada e do carimbó, nem melodia, nem letra, é exasperador de tão repetitivo e tem umas cantoras que são uma tentativa de mistura de Joelma (da Banda Calypso) com Ivete Sangalo. Um desastre, enfim.

Mesmo assim, a Som Livre tenta levar isso ao resto do Brasil lançando o DVD Tecnomelody Brasil, com "o melhor" do tal estilo. Além de Viviane, tem as bandas Ravelly, Xeiro Verde (sic), Eletro Batidão, Fruto Sensual... Cada uma pior que a outra. Por isso, rumei para Belém há duas semanas com o maior medo
de ter que ouvir isso o dia todo. Mas até que não...

Surpreendentemente, na capital paraense, não ouvi Pinduca, nem Banda Calypso, e quase nada de tecnomelody. Só dava sertanejo, música evangélica e até pagode nos rádios, CD players e DVD players (tem uns que têm) dos taxistas. Bom... Não acho que tenha sido melhor. É lamentável ver essa padronização do (mau) gosto.

O que me consolou foi constatar uma coisa: em quase todo bar e restaurante de Belém tem música ao vivo. E os cantores e músicos que se apresentam são quase sempre muito bons. Fogem daquele rame-rame de voz e violão e usam a criatividade para dar novas interpretações a músicas conhecidas. O repertório também é de bom nível: muita MPB tradicional, samba (o regional que toca no almoço do restaurante Manjar das Garças é excelente, não faria feio na Lapa), pop brasileiro e internacional (sem inglês de churrascaria).

Pelo menos isso. Ao contrário dos programadores de rádio e motoristas de táxi da cidade (que bem poderiam consultar o passageiro se quer ouvir aquelas baboseiras ou não), os músicos locais têm bom gosto e senso profissional (e devem ser bem organizados, porque o mercado, pelo que percebi, é amplo). Bacana...

3 comentários:

Doug disse...

MPB tradicional=bom
estilo musical produzido no Pará=ruim
Etnocentrismo, a gente vê por aqui.

Por Rodrigo Pereira disse...

MPB = em estado vegetativo, quase morta, nao produz mais nada, é decadente ter Maria Gadú como artista revelação.

Tecnomelody = nova, produz anualmente mais do que qualquer gravadora, tem aprovação da grande maioria da população mesmo sem o apoio de uma Som Livre, a verdadeira Música Popular Brasileira, tem muito a evoluir e a contribuir para novas experiências musicais.

Alexei disse...

É importante lembrar que Viviane Batidão e todos os outros artistas de melody devem seu sucesso a Mike de Mosqueiro, um morador de rua da periferia de Belém alçado à categoria de fenômeno da internet quando um vídeo seu cantando uma música gravada anteriormente por Viviane teve mais de 10 milhões de visualizações. Mike, apesar de suas condições de vida, é muito mais músico do que qualquer um desses artistas.