
Adriana Calcanhotto está de disco novo: O micróbio do samba. Um trabalho conceitual, de sambas, todos compostos pela própria Adriana — o que faz desse o primeiro disco totalmente autoral da artista. Parece-me mais um álbum sobre a influência do samba na música da cantora e compositora, já que algumas faixas são muito mais exempos de um estilo todo próprio de compor do que do gênero especificamente.
O que não quer dizer que Adriana Calcanhotto não seja capaz de fazer bons sambas à moda clássica — Mais perfumado, por exemplo, cairia perfeitamente num daqueles velhos e ótimos discos de Elizeth Cardoso. A gaúcha mais carioca que existe, Adriana tem intimidade com o gênero. A música dela sempre esteve contaminada pelo micróbio do samba.
Enguiço, o disco de estreia, já trazia Disseram que voltei americanizada (Vicente Paiva e Luiz Peixoto), Orgulho de um sambista (Gilson de Souza) e Injuriado (Eduardo Dusek), por exemplo. O interesse da intérprete se refletiu no trabalho da compositora. Implicitamente (na batida do violão, em certa bossa no jeito de compor) ou explicitamente (na criação de sambas como Vai saber?). Por isso O micróbio do samba não chega a ser inusitado ou destoante na discografia de Adriana.

Só há uma observação: se formos comparar as faixas do disco que foram gravadas anteriormente — especificamente, Vai saber?, gravada por Marisa Monte, e Beijo sem, por Marisa e Teresa Cristina —, as interpretações da autora ficam, digamos, ofuscadas. Ainda que Adriana seja intérprete estilosa.
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