quarta-feira, 3 de novembro de 2010

AO PÉ DO OUVIDO // Divertida e elegante extravagância

Por Rosualdo Rodrigues

Perdeu quem deixou de ocupar a metade da plateia vazia do Teatro Oi Brasília na noite de sexta-feira passada. No palco, um show desses que não passam pela cidade todo dia. Na verdade, mais que um show, um espetáculo completo, uma conjunção feliz de música, recursos visuais, performance...
Falo de Extravaganza, o novo show de Silvia Machete. O que não chega a ser surpresa para quem a viu na primeira vez que passou pela cidade, há um ano, e já ouviu o ótimo Extravangaza, o disco.

E mesmo quem sabia o que esperar não teve como não se emocionar e dar boas gargalhadas com a apresentação de Silvia, que é uma das artistas mais interessantes surgidas na música brasileira nos últimos anos, pela forma como combina qualidades vocais e habilidades performáticas. Os números cir
censes e o humor no diálogo com a plateia estavam lá. Mas a diferença em relação ao primeiro show não era só o repertório. A direção de Alessandra Colasanti deu à apresentação um ritmo e um clima ainda mais teatral. Com roteiro bem amarrado, ele vai crescendo até chegar na caliente Tropical extravaganza.
No caminho, Silvia imita, numa gravação em off, uma locutora de rádio argentina entrevistando a si mesma; apresenta a banda de forma inusitada (cada um dos bem-humorados músicos faz um número nada a ver com o instrumento que toca); diz um texto em francês como se estivesse diante de uma plateia francesa; canta músicas que não estão em seus discos (Sucesso aqui vou eu, de Rita Lee, e Moogy moozy, de Jorge Mautner -- esta última com ótima levada roqueira)... Leva a plateia ao delírio quando canta O baixo, simulando um ato sexual com o instrumento, se equilibrando de todo jeito em cima dele, e provoca encantamento ao fim de Fim de festa (a música mais bonita do disco, em minha opinião), quando o lustre desce do teto e é usado por ela como trapézio, com um efeito visual cinematográfico.

Em resumo: repertório de primeiríssima; uma cantora que não é só afinada, mas é de uma simpatia e um carisma raros; um cenário bem cuidado, um show roteirizado de forma a combinar humor inteligente, emoção, música e impacto visual e uma banda de músicos simpáticos e em sintonia entre si. Quer dizer, não ficou nada a desejar... Só que Silvia volte em breve à cidade.


Clique aqui
para ouvir as músicas de Extravaganza

2 comentários:

Ronaldo Mendes disse...

Rosu, adorei o texto! Pena que perdi o show...

Rosualdo Rodrigues disse...

Perdeu mesmo. Espero que ela volte pra que mais gente a veja.