Por Rosualdo Rodrigues
Em trânsito entre São Paulo e Brasília, sem tempo para um novo post, repriso um que já foi lido por quem acompanhava o blog em março de 2009: "Pra que tantas canções de amor?"
Caetano Veloso fez uma canção de protesto contra o fato de “99 e um pouco mais por cento” das músicas que existem serem de amor. Geraldo Azevedo contemporizou, dizendo que “o charme das canções são suas frases banais... são ‘eu te amo’, ‘não me deixes’”. E acrescentou que “quem inventou o amor certamente teve inclinações musicais”. Mas realmente é curioso que, embora sirvam para expressar todo tipo de sentimento e até a falta dele (“socorro alguém me dê um coração, que esse já não bate nem apanha”, Arnaldo Antunes e Alice Ruiz), as músicas tratem predominantemente da relação amorosa que combina afeto e atração sexual. A alegria de encontrar o ser amado, a tristeza de perdê-lo e por aí vai.
Em uma das passagens mais engraçadas de Alta fidelidade, o livro de Nick Hornby, o protagonista questiona o fato de os adultos acharem arriscado que as crianças tenham armas de brinquedo, mas não se importarem que elas cresçam ouvindo essas músicas românticas. O que, na opinião dele, vai transformá-las mais tarde em adultos frustrados, já que a poesia celebrada em tais canções não se concretiza.
Se for assim, quantas vítimas terá feito Eu sei que vou te amar? E As time goes by? Bom... Já que elas existem e adoramos ouvi-las, vai aqui uma lista de dez canções de amor brasileiras que justificam essa obsessão pelo tema (listadas sem pesquisa prévia, somente pelo que me vem à cabeça no momento). Procure ouvi-las e faça o teste: você é imune ou não à tal praga de que fala o personagem de Alta fidelidade?
1 ) Eu sei que vou te amar (claro!), de Tom e Vinícius
2 ) Carinhoso (clássico dos clássicos), de Pixinguinha e João de Barro
3 ) A linha e o linho (“e a agulha do real nas mãos da fantasia fosse bordando ponto a ponto nosso dia a dia”), de Gilberto Gil
4 ) Eu te amo (“se na bagunça do teu coração meu sangue errou de veia e se perdeu”), de Chico Buarque e Tom Jobim
5 ) Valsa brasileira (“eu descartava os dias em que não te vi, como de um filme a ação que não valeu”), de Chico Buarque e Edu Lobo
6 ) O que tinha de ser (“porque tu me chegaste sem me dizer que vinhas”), de Jobim e Aloisio de Oliveira
7 ) Todo o sentimento (“Um tempo que refaz o que desfez, que recolhe todo sentimento e bota no corpo uma outra vez”), de Chico Buarque e Cristóvão Bastos
8 ) Pétala (“viver é todo sacrifício feito em seu nome”), de Djavan
9 ) Quase um segundo (“às vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais”), de Herbert Vianna
10 ) Fruta boa (“é maduro o nosso amor, não moderno; fruto de alegria e dor, céu, inferno”), de Milton Nascimento e Fernando Brant
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
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2 comentários:
Muito bom o texto : )
muito bom, rosualdo!
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