quarta-feira, 20 de outubro de 2010

AO PÉ DO OUVIDO // Divina, maravilhosa e moderna

Por Rosualdo Rodrigues

Gal Costa está anunciando um próximo disco, com músicas compostas por Caetano Veloso especialmente para ela e também produzido por ele. Numa entrevista que Caetano deu ao La Nación, disse que esse era um dos projetos dos sonhos dele. Certamente porque conhece a voz de Gal e deve achar, como quase todo mundo, um desperdício que ela venha sendo usada em discos tão desiguais há 30 anos.

Isso mesmo. Desde Aquarela do Brasil (com músicas de Ary Barroso), de 1980, a discografia de Gal é inconstante. Salva-se uma coisa aqui e outra ali, mas não tem um disco por inteiro que seja realmente sensacional (o que chega mais perto disso é Aquele frevo axé, de 1998).

Mas também não dá para crucificar a cantora, afinal, àquela altura – o ano de 1980 – ela já tinha presenteado os ouvintes de música brasileira com alguns discos essenciais em qualquer discoteca básica. De 1967 a 1980 foram 12 discos, cada um melhor que o outro, com uma Gal espevitada, ousada, à frente de seu tempo, tropicalista, ultraperformática... Cantar, de 1974, é delicado, suave; Gal, de 1969, é rascante, psicodélico... Discos tão diferentes, mas com algo em comum: o carisma de uma das melhores cantoras do Brasil. Tão boa que já deu crias do nível de Marisa Monte e Vanessa da Mata. Preste atenção!

Pois bem. Se você não conhece essa Gal Costa, não sabe o que está perdendo. E enquanto o tal disco escrito e produzido por Caetano não sai, não falta o que ouvir. Ainda mais que acaba de sair uma caixa, Gal total, com todos os discos dela lançados entre 1967 e 1983. Quer dizer, justamente o período de ouro. E ainda inclui uma coletânea de gravações dispersas e raras. Imperdível. O preço deve ser salgado, claro. Mas se quiser se certificar da qualidade do produto é só passar no site de Gal (http://www.galcosta.com.br/) que lá dá pra ouvir trechos de músicas de todos os CDs. E o que dizer dela cantando Negro amor no Fantástico? Demais.

Diez que me encantan (não tive como evitar duas intrusas):

1 ) Avarandado (Domingo, 1967)
2 ) Lost in paradise (Gal Costa, 1969
3 ) Cultura e civilização (Gal, 1969)
4 ) Tuareg (Gal, 1969)
5 ) Hotel das estrelas (LeGal, 1970)
6 ) Mal secreto (Fa-Tal, 1971)
7 ) Índia (Índia, 1973)
8 ) Lágrimas negras (Cantar, 1974)
9 ) Canção que morre no ar (Cantar, 1974)
10 ) Mãe (Água, 1978)
11 ) Já era tempo (Aquarela do Brasil, 1983)
12 ) Negro amor (Caras e bocas, 1977)

Um comentário:

Dêniel disse...

Rosu, eu não conheço essa Gal, mas, depois deste seu post, fiquei doido pra conhecer. Me apresenta?