
Depois de oito anos sem gravar — desde Vânia Bastos canta Clube da Esquina, de 2002 —, Vânia Bastos reaparece com um ótimo disco, Na boca do lobo. A longa pausa foi revigorante. Vânia demonstra vontade sair do lugar comum ao interpretar composições de Edu Lobo, com aquela voz que “nos faz pensar em colibris e flores de organdi” — nas palavras de Arrigo Barnabé, com quem Vânia dividiu o palco muitas vezes nos primeiros anos de carreira.
Ela recria 12 canções que representam diferentes momentos da carreira de Edu. Vai dos primeiros anos (com Upa neguinho, de Edu e Gianfrancesco Guarnieri, e No cordão da saideira) à parceria com Chico Buarque na criação de trilhas sonoras para musicais (O circo místico, Meia-noite). Registra também o resultado de encontros do compositor com Capinam (Gingado dobrado, Viola fora de moda, Negro negro), Joyce (Tempo presente), Paulo César Pinheiro (Vento bravo) e Vinicius de Moraes (Canção do amanhecer). Poderia ter muito mais (faltam músicas conhecidas como Pra dizer adeus, por exemplo), mas a contenção do repertório é o que propicia uma das qualidades do álbum, que resulta bem resolvido, enxuto, sem sobras.

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