Por Rosualdo Rodrigues
Depois de oito anos sem gravar — desde Vânia Bastos canta Clube da Esquina, de 2002 —, Vânia Bastos reaparece com um ótimo disco, Na boca do lobo. A longa pausa foi revigorante. Vânia demonstra vontade sair do lugar comum ao interpretar composições de Edu Lobo, com aquela voz que “nos faz pensar em colibris e flores de organdi” — nas palavras de Arrigo Barnabé, com quem Vânia dividiu o palco muitas vezes nos primeiros anos de carreira.
Ela recria 12 canções que representam diferentes momentos da carreira de Edu. Vai dos primeiros anos (com Upa neguinho, de Edu e Gianfrancesco Guarnieri, e No cordão da saideira) à parceria com Chico Buarque na criação de trilhas sonoras para musicais (O circo místico, Meia-noite). Registra também o resultado de encontros do compositor com Capinam (Gingado dobrado, Viola fora de moda, Negro negro), Joyce (Tempo presente), Paulo César Pinheiro (Vento bravo) e Vinicius de Moraes (Canção do amanhecer). Poderia ter muito mais (faltam músicas conhecidas como Pra dizer adeus, por exemplo), mas a contenção do repertório é o que propicia uma das qualidades do álbum, que resulta bem resolvido, enxuto, sem sobras.
O diretor musical, o violonista Ronaldo Rayol, se encarregou de adaptar esse repertório à voz e ao jeito de cantar de Vânia Bastos. Optou por uma sonoridade onde prevalecem os instrumentos acústicos, capaz de ganhar contornos jazzísticos (em Tempo presente, por exemplo) ou ser marcada pela percussão, ao mesmo tempo sutil e vigorosa (caso de Vento bravo). Mas sempre delicada como a voz da cantora. Por tudo isso, é inevitável recorrer ao clichê: vale a pena conferir. E se deliciar.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
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