Por Rosualdo Rodrigues
Há umas duas semanas escrevi aqui um post sobre cantores/cantoras de quem me perdi pelo caminho. Incluí Zizi Possi na lista. Mas no último fim de semana estive assistindo aos dois DVDs que ela lançou para comemorar os 30 anos de carreira e achei tão bacana que deu vontade de revirar o baú atrás daqueles discos antigos que fizeram minha cabeça. E me deparei com Pedaços de mim, o segundo dela.
Impressionante: o disco é de 1978 mas não envelheceu. Poderia ser colocado lado a lado com o de uma dessas boas cantoras novas e ainda sairia em vantagem. Isso porque nele tudo funciona e mantém o frescor: o repertório que traz músicas de alguns dos mais representativos compositores da época; os arranjos elegantes, exatos, desprovidos de exageros; a voz de Zizi com um timbre único, uma afinação e uma naturalidade impressionantes... O que é sublinhado na bucólica Chuva princesa, de Jorge Mautner, que encerra o disco, cantada à capela.
O disco começa com a guitarra de Armandinho na dançante Fruto maduro, de Moraes Moreira (que comparece com outra pérola, Acordei), supreende com o belíssimo fado Ave, de Eduardo Dussek, passa por momentos de grande lirismo, como é o caso de Morena dos olhos d'água, de Chico Buarque, ganha um acento jazzy em Vontade de ninguém, de Bôscoli e Carlos Lyra... E em todas elas há uma precisão na escolha do jeito de cantar, na utilização de cada instrumento, que é impossível imaginar que Pedaços de mim poderia ser de outro jeito.
Acho que esse é um disco subestimado quando se fala de grandes obras da MPB. É um dos melhores do gênero.
Obs: Vale a pena ver o video de Zizi cantando Pedaço de mim com Chico Buarque, na mesma época de lançamento do disco, que, a propósito, foi relançado em CD. Não estou conseguindo copiar o link aqui, mas é só procurar "Zizi Possi Pedaço de mim" que está lá.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
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