Por Rosualdo Rodrigues
Não bastasse eu estar precisando de um dia com 48 horas e uma semana de 14 dias, às 9h da manhã de hoje eu já tinha perdido de três a zero para "Lady Murphy", aquela senhora que se diverte fazendo as coisas darem errado. Humor de cão. Entojo acima do nível permitido. Por isso, hoje vou me limitar a transcrever comentários que escrevi para o Correio sobre três bons discos. Aí vão:
Battle studies, de John Mayer
O cantor e guitarrista norte-americano apresenta em seu sétimo disco 11 composições próprias que oscilam entre o blues e as baladas românticas. Nenhuma especialmente é espetacular, mas, juntas, resultam em um repertório agradável, confortável na ótima voz e na guitarra afiada de Mayer. Aliás, a produção de Battle studies é toda tão certinha e impecável, que o grande defeito do disco é justamente carecer de um pouco mais de suor, de sujeira. A exceção é Crossroads, que rompe o andamento geral do disco com uma ótima levada funk.
Bossarenova, de Paula Morelenbaum, com SWR Big Band e Ralf Schmid
No vocabulário de Paula Morelenbaum, bossa nova não é uma expressão parada no tempo. A cantora tem virado e revirado o gênero, revelando novas perspectivas e possibilidades. Depois do ótimo Telecoteco - Um sambinha cheio de bossa, Paula se junta à alemã SWR Big Band e ao mastro Schmid e faz o que o título do disco já anuncia. Acompanhada por 16 músicos de sopro e quatro de base, cria uma sonoridade que aproxima clássicos da bossa, como Águas e março e Tarde em Itapoã, de composições de Heitor Villa-Lobos (Modinha), Lennon & McCartney (Blackbird) e Quincy Jones (Soul bossa nova).
Declaração, de Wanda Sá e Roberto Menescal
Feito para comemorar 35 anos de parceria da cantora com o produtor/arranjador (iniciada em 1964 com o LP de estreia de Wanda Sá, Vagamente), Declaração surpreende quem espera só mais um disco de bossa nova. Trata-se de belo exemplar de música minimalista (somente vocal, guitarra e baixo), transbordando intimismo e a intimidade entre Wanda, Menescal e o baixista Adriano Giffoni. Mesmo as regravações (Vagamente, Inútil paisagem…) não soam desnecessárias, principalmente porque elas se renovam nos arranjos e na voz de Wanda Sá, mais encorpada com o tempo.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
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