Luciano MilhomemColunista de Alimentação Natural do Gastronomix
Na lanchonete, viro para a balconista e pergunto: “O que você tem sem carne?” Sorridente, certa de que vai me agradar, ela solta esta: “Sanduíche de peito de peru!” É quase sempre assim. Mesmo em bons restaurantes de Brasília, volta e meia um garçon me oferece frango quando digo que não como carne. Afinal, para muita gente do ramo de alimentação, carne é sinônimo de carne bovina, ou melhor, carne vermelha. Carne branca não é carne.
Exceto por situações assim, que não deixam de ser engraçadas, ser vegetariano – ou quase-vegetariano, como eu, que ainda aprecia um peixinho de vez em quando e saboreia queijos e ovos – pode ser uma experiência rica e interessante tanto em Brasília quanto em outras paragens. Ao contrário do que muita gente pensa, há diversas opções para quem não come carnes (o plural me garante que todas estão incluídas...). É o que sempre afirmo para os amigos que se assustam com minha dieta ou dizem que sou “enjoado para comer”: “Só não como carne. Encaro todo o resto! Inclusive os doces! Não é pouco.”
Cultura é dose! Brasileiro adora carne de todo jeito: lingüiça, salaminho, picanha, peito de peru defumado. Vale tudo. Até pizza de calabresa com cachaça! Como esquecer a saborosa “Calabresa Bêbada”, presente (ainda?) no criativo cardápio da Pizzaria Baco, que eu adorava antes de adotar hábitos alimentares menos arriscados! É... Brasileiro fala de asiático, mas também tem estômago de avestruz. Aliás, come essa ave também, inclusive sem saber que se trata de carne vermelha. Daí ver com assombro quem dispensa iguarias à base de vaca, galinha, peru, marreco, ganso e por aí vai. Os mais simpáticos dizem apenas: “Nossa! Eu admiro quem consegue. Jamais viveria sem carne!”
A verdade é que viveria, sim. E sem precisar se restringir aos chamados “restaurantes naturais”. Sobram alternativas, mesmo para quem está sempre acompanhado de carnívoros convictos. A maioria das churrascarias de Brasília oferece farto buffet de saladas. O Porcão atreve-se até a servir sushi e salmão, pouco se importando para o que pensam gaúchos e argentinos. Mais difícil é freqüentar casas como Capital Steak House, Outback ou Roadhouse Grill. Nesses lugares, vegetariano sofre. Se fizer dieta para emagrecer, então, está perdido! Sobram frituras. Mas o sujeito flexível pode sempre fazer uma boquinha em casa antes e acompanhar os amigos no chopinho gelado depois.
Meu amigo Rodrigo Koehler, profissional de educação física e carne-dependente, espalha por aí que minha dieta é à base de capim. Ledo engano! Ainda quero convencê-lo a almoçar comigo no Naturetto Família. Antes uma casa especializada em comida natural, seu buffet rendeu-se à variedade e hoje comete a heresia de servir até carne assada. Tudo bem. Para o adepto da comida verde que não gosta de comer sozinho, o Naturetto é o paraíso.
Difícil encontrar restaurante em Brasília com tamanha variedade de saladas, cada uma mais deliciosa e colorida que a outra. Sem contar as folhas, flores e frutas. Entre os pratos quentes, impossível resistir às farofas de banana e de cenoura, ao arroz integral com lentilha, às lasanhas e tortas com massa integral. Até quem tem preconceito contra comida “natureba” se amarra no cardápio. Capim? Só se for capim santo! É de comer rezando!
Nas pizzarias, nada de cara feia! Um vegetariano que ache o sabor Quatro Queijos gorduroso demais (meu caso) ou esteja enjoado da Vegetariana pode sempre optar por Marguerita, Tomate Seco & Rúcula, Palmito ou mesmo pela tradicional Portuguesa – basta pedir para tirar o presunto. Aliás, nunca pisei pizzaria em Brasília que se recusasse a excluir algum ingrediente da pizza, o que faz ampliar bastante o leque de opções.
O mesmo vale para algumas lanchonetes. O Subway, por exemplo, permite escolher os ingredientes do sanduíche e, para quem tem pressa, essa cadeia de fast food oferece pronto o sabor Vegetariano. Aos que ainda comem peixe, uma boa pedida é o sanduíche de atum. De quebra, pode ser em pão integral. No Sudoeste, o Sublight capricha em alternativas – para a alegria de quem, como eu, parou de freqüentar o McDonald’s. Pudera! O insosso McFish e a pálida McSalad só convencem quem está há pelo menos três dias de jejum.
Restaurantes, pizzarias, creperias, cafés, botecos, há sempre algo que um vegetariano (ou um semi-vegetariano) pode apreciar: de pastel de queijo a risole de milho, de feijoada de carne de soja a pamonha ou batata recheada (o site do Eighties oferece um sortido cardápio). Tudo isso sem contar os doces: sorvetes, chocolates, tortas. Quem já esteve na confeitaria Rappel, na sorveteria Saborella ou nas chocolaterias Kaebisch (de puro chocolate belga) sabe do que estou dizendo.
Vegetariano só pena mesmo quando embarca em um avião sem levar seu próprio lanche ou pedir refeição especial na reserva do vôo. Corre o risco de passar fome ao lado de um passageiro que mastiga depressa um insosso sanduíche de peito de peru com mussarela ou uma esquelética barra de cereal. Pensando bem... Será que dá para sentir inveja em situações assim? A verdade é que nós, vegetarianos (ou semi-vegetarianos), realmente não sofremos tanto quanto imaginam os fervorosos comedores de carne. É sempre bom lembrar que, via de regra, seguimos essa dieta por opção. Alguma vantagem devemos ver nisso... Basta experimentar. Viva o verde e bom apetite!
Na lanchonete, viro para a balconista e pergunto: “O que você tem sem carne?” Sorridente, certa de que vai me agradar, ela solta esta: “Sanduíche de peito de peru!” É quase sempre assim. Mesmo em bons restaurantes de Brasília, volta e meia um garçon me oferece frango quando digo que não como carne. Afinal, para muita gente do ramo de alimentação, carne é sinônimo de carne bovina, ou melhor, carne vermelha. Carne branca não é carne.
Exceto por situações assim, que não deixam de ser engraçadas, ser vegetariano – ou quase-vegetariano, como eu, que ainda aprecia um peixinho de vez em quando e saboreia queijos e ovos – pode ser uma experiência rica e interessante tanto em Brasília quanto em outras paragens. Ao contrário do que muita gente pensa, há diversas opções para quem não come carnes (o plural me garante que todas estão incluídas...). É o que sempre afirmo para os amigos que se assustam com minha dieta ou dizem que sou “enjoado para comer”: “Só não como carne. Encaro todo o resto! Inclusive os doces! Não é pouco.”
Cultura é dose! Brasileiro adora carne de todo jeito: lingüiça, salaminho, picanha, peito de peru defumado. Vale tudo. Até pizza de calabresa com cachaça! Como esquecer a saborosa “Calabresa Bêbada”, presente (ainda?) no criativo cardápio da Pizzaria Baco, que eu adorava antes de adotar hábitos alimentares menos arriscados! É... Brasileiro fala de asiático, mas também tem estômago de avestruz. Aliás, come essa ave também, inclusive sem saber que se trata de carne vermelha. Daí ver com assombro quem dispensa iguarias à base de vaca, galinha, peru, marreco, ganso e por aí vai. Os mais simpáticos dizem apenas: “Nossa! Eu admiro quem consegue. Jamais viveria sem carne!”
A verdade é que viveria, sim. E sem precisar se restringir aos chamados “restaurantes naturais”. Sobram alternativas, mesmo para quem está sempre acompanhado de carnívoros convictos. A maioria das churrascarias de Brasília oferece farto buffet de saladas. O Porcão atreve-se até a servir sushi e salmão, pouco se importando para o que pensam gaúchos e argentinos. Mais difícil é freqüentar casas como Capital Steak House, Outback ou Roadhouse Grill. Nesses lugares, vegetariano sofre. Se fizer dieta para emagrecer, então, está perdido! Sobram frituras. Mas o sujeito flexível pode sempre fazer uma boquinha em casa antes e acompanhar os amigos no chopinho gelado depois.
Meu amigo Rodrigo Koehler, profissional de educação física e carne-dependente, espalha por aí que minha dieta é à base de capim. Ledo engano! Ainda quero convencê-lo a almoçar comigo no Naturetto Família. Antes uma casa especializada em comida natural, seu buffet rendeu-se à variedade e hoje comete a heresia de servir até carne assada. Tudo bem. Para o adepto da comida verde que não gosta de comer sozinho, o Naturetto é o paraíso.
Difícil encontrar restaurante em Brasília com tamanha variedade de saladas, cada uma mais deliciosa e colorida que a outra. Sem contar as folhas, flores e frutas. Entre os pratos quentes, impossível resistir às farofas de banana e de cenoura, ao arroz integral com lentilha, às lasanhas e tortas com massa integral. Até quem tem preconceito contra comida “natureba” se amarra no cardápio. Capim? Só se for capim santo! É de comer rezando!
Nas pizzarias, nada de cara feia! Um vegetariano que ache o sabor Quatro Queijos gorduroso demais (meu caso) ou esteja enjoado da Vegetariana pode sempre optar por Marguerita, Tomate Seco & Rúcula, Palmito ou mesmo pela tradicional Portuguesa – basta pedir para tirar o presunto. Aliás, nunca pisei pizzaria em Brasília que se recusasse a excluir algum ingrediente da pizza, o que faz ampliar bastante o leque de opções.
O mesmo vale para algumas lanchonetes. O Subway, por exemplo, permite escolher os ingredientes do sanduíche e, para quem tem pressa, essa cadeia de fast food oferece pronto o sabor Vegetariano. Aos que ainda comem peixe, uma boa pedida é o sanduíche de atum. De quebra, pode ser em pão integral. No Sudoeste, o Sublight capricha em alternativas – para a alegria de quem, como eu, parou de freqüentar o McDonald’s. Pudera! O insosso McFish e a pálida McSalad só convencem quem está há pelo menos três dias de jejum.
Restaurantes, pizzarias, creperias, cafés, botecos, há sempre algo que um vegetariano (ou um semi-vegetariano) pode apreciar: de pastel de queijo a risole de milho, de feijoada de carne de soja a pamonha ou batata recheada (o site do Eighties oferece um sortido cardápio). Tudo isso sem contar os doces: sorvetes, chocolates, tortas. Quem já esteve na confeitaria Rappel, na sorveteria Saborella ou nas chocolaterias Kaebisch (de puro chocolate belga) sabe do que estou dizendo.
Vegetariano só pena mesmo quando embarca em um avião sem levar seu próprio lanche ou pedir refeição especial na reserva do vôo. Corre o risco de passar fome ao lado de um passageiro que mastiga depressa um insosso sanduíche de peito de peru com mussarela ou uma esquelética barra de cereal. Pensando bem... Será que dá para sentir inveja em situações assim? A verdade é que nós, vegetarianos (ou semi-vegetarianos), realmente não sofremos tanto quanto imaginam os fervorosos comedores de carne. É sempre bom lembrar que, via de regra, seguimos essa dieta por opção. Alguma vantagem devemos ver nisso... Basta experimentar. Viva o verde e bom apetite!
2 comentários:
muito bom o texto.
passei 6 meses sem comer carnes (sim, todas elas) e pude perceber o quanto isso faz diferença na vida. Além, é claro, de poder descobrir diversas outra alternativas de alimentação.
Saboroso o texto vegetarino ou quase vegeteriano do Luciano. O bom-humor e a leveza abriram meu apetite, que aliás, não é nada santo.
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