Por Rosualdo Rodrigues
Saiu o segundo disco de Céu, chamado Vagarosa. O primeiro causou muito auê. Mais até do que merecia, o que nos faz até ficar pagando para ver o que vem depois. Mas Céu não decepciona. Pelo contrário. Vagarosa é superior a CéU, o CD de estreia. Se ela era apontada como uma promessa da “MPB”, já não há como inseri-la em nenhum rótulo baseado no som de Vagarosa. Embora tome como ponto de partida o samba e o reggae, o disco soma elementos de um e outro gênero a uma infinidade de referências, criando um personalíssimo caleidoscópio sonoro onde cabem teclados retrô (Vagarosa), solos de guitarra que remetem ao rock progressivo (Espaçonave), programações eletrônicas meio psicodélicas (Nascente)…
Ao mesmo tempo que essa mistura soa estranha, ela embala canções que “pegam feito bocejo” (como diz bem no início o delicioso samba Sobre o amor e seu trabalho silencioso). É o caso de Bubuia, em que o baixo de Gui Amabis e a guitarra de Fernando Catatau travam interessante diálogo, marcando a malemolência e o refrão fácil da música, que tem vocais divididos com Anélys Assumpção e Thalma de Freitas.
É curioso também como ecos de uma música brasileira tradicional se diluem no som de Vagarosa. Caso de Grains de beauté, que lembra de início um samba clássico na letra, mas que se encaminha para uma canção lenta, climática, meio eletrônica. Essa é outra carcaterística marcante do disco: a clara interação entre a tradição e uma levada moderna, meio eletrônica.
É possível ver o avanço da artista, na procura de uma nova sonoridade, na sintonia entre compositora e intérprete. Aliás, se o trabalho de compositora não é o que chama atenção na obra de Céu, digamos que ela é eficiente ao criar “para consumo próprio”, porque no conjunto tudo funciona harmoniosamente. O suficiente para se dizer que, em Vagarosa, Céu deixa de ser promessa do que quer que seja. Já é uma artista em pleno vôo.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
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