Por Rosualdo Rodrigues
"...não se come em silêncio, tampouco na barulheira, todo som que interfere na degustação participa dela ou a contraria, de tal mdo que a refeição é decididamente, sinestésica"
(Trecho de A morte do Gourmet, de Muriel Barbery)
Se tem uma coisa que dispenso em bares e restaurantes é música ao vivo. Não que não goste de música e de bons músicos. Aliás, é justamente por gostar muito. Neguinho vai me odiar, mas admito que, na maioria das vezes em que vou a um bar ou restaurante onde tem alguém tocando, anseio pelo momento em que o tal músico vá tomar água e nos dê um descanso. Digo "nos" porque raramente os amigos que me acompanham discordam de mim (sinal de que não é questão de eu ser enjoado).
Claro, há bons músicos tocando e cantando na noite. E me sinto feliz quando encontro um desses. Um, porque a música é boa; dois, porque não me sinto culpado de estar protestando contra o outro que está ali "ganhando o pão" (e eu pagando, quando na verdade não queria ouvi-lo nem recebendo para isso. Aliás, só deveríamos pagar couvert se achássemos o artista merecedor).
Uma vez, em Nova York, fui a um restaurante chamado Chez Josephine e ouvi uma dupla de piano e trompete tocando um jazz delicioso, suave, coisa de profissional. E quem gostasse que se levantasse e deixasse suas notas de dólares dobradas dentro de um copinho que estava em cima do piano. E todo mundo fazia isso. Os caras mereciam.
Mas nem precisa ir tão longe. Outro dia mesmo, no Oscar, ali ao lado do Espaço Ecco (em Brasília), havia uma cantora e um violonista se apresentando e era algo agradável, adequado ao ambiente. E em restaurante, o caso é ainda mais grave. Afinal, bares costumam ser mais barulhentos, dá para abstrair. Mas quem almoça ou janta ao som de uma música incômoda corre o risco de ter uma indigestão.
E no Bar da Brahma, que é um ambiente totalmente diferente, meio botecão, ouvi outro dia um grupo meio banda de baile que era ótima. O som era alto, mas não barulhento (um som de má qualidade técnica contribui para uma música ser desagradável), o repertório bem diversificado, indo e vindo no tempo, adequado ao público da casa.
Por isso mesmo, é que acho que a música, em bares e restaurantes, tem que ser complemento à boa comida, tem que ter qualidade. Não estou querendo acabar com o mercado de trabalho de ninguém, mas sim, como consumidor, reclamar pelo padrão do serviço. Portanto, vamos dar um feedback para os donos das casas para que eles saibam quando estão agradando ou não.
"...não se come em silêncio, tampouco na barulheira, todo som que interfere na degustação participa dela ou a contraria, de tal mdo que a refeição é decididamente, sinestésica"
(Trecho de A morte do Gourmet, de Muriel Barbery)
Se tem uma coisa que dispenso em bares e restaurantes é música ao vivo. Não que não goste de música e de bons músicos. Aliás, é justamente por gostar muito. Neguinho vai me odiar, mas admito que, na maioria das vezes em que vou a um bar ou restaurante onde tem alguém tocando, anseio pelo momento em que o tal músico vá tomar água e nos dê um descanso. Digo "nos" porque raramente os amigos que me acompanham discordam de mim (sinal de que não é questão de eu ser enjoado).
Claro, há bons músicos tocando e cantando na noite. E me sinto feliz quando encontro um desses. Um, porque a música é boa; dois, porque não me sinto culpado de estar protestando contra o outro que está ali "ganhando o pão" (e eu pagando, quando na verdade não queria ouvi-lo nem recebendo para isso. Aliás, só deveríamos pagar couvert se achássemos o artista merecedor).
Uma vez, em Nova York, fui a um restaurante chamado Chez Josephine e ouvi uma dupla de piano e trompete tocando um jazz delicioso, suave, coisa de profissional. E quem gostasse que se levantasse e deixasse suas notas de dólares dobradas dentro de um copinho que estava em cima do piano. E todo mundo fazia isso. Os caras mereciam.
Mas nem precisa ir tão longe. Outro dia mesmo, no Oscar, ali ao lado do Espaço Ecco (em Brasília), havia uma cantora e um violonista se apresentando e era algo agradável, adequado ao ambiente. E em restaurante, o caso é ainda mais grave. Afinal, bares costumam ser mais barulhentos, dá para abstrair. Mas quem almoça ou janta ao som de uma música incômoda corre o risco de ter uma indigestão.
E no Bar da Brahma, que é um ambiente totalmente diferente, meio botecão, ouvi outro dia um grupo meio banda de baile que era ótima. O som era alto, mas não barulhento (um som de má qualidade técnica contribui para uma música ser desagradável), o repertório bem diversificado, indo e vindo no tempo, adequado ao público da casa.
Por isso mesmo, é que acho que a música, em bares e restaurantes, tem que ser complemento à boa comida, tem que ter qualidade. Não estou querendo acabar com o mercado de trabalho de ninguém, mas sim, como consumidor, reclamar pelo padrão do serviço. Portanto, vamos dar um feedback para os donos das casas para que eles saibam quando estão agradando ou não.
5 comentários:
Vou ser sincero, Rosu, eu evito bares e restôs com música ao vivo. Sei que provavelmente não me agradarão o repertório e o próprio cantor. Raras são as exceções. Agora, a pior experiência com música ao vivo, aqui em Brasília, não foi em bar nem em restaurante: foi no Pão de Açucar do Sudoeste. O que era aquilo?
Rosu, concordo em gênero, número e grau!!! Tudo piora se a altura do som é incompatível com o ambiente, quando as pessoas deixam de conversar e passam a gritar... Não tenho vergonha de dizer que evito, sim, ir a lugares com música ao vivo. Nem em praça de alimentação de shopping vou quando a administração resolve colocar alguns artistas expondo seus talentos.
Parabéns pelo texto!
BEIjooooooo,
Sarah.
Em bar e restaurante prefiro som mecânico. Se tem música ao vivo, dou meia-volta e procuro outro lugar. Acho o cúmulo do absurdo, non-sense total, passar a noite incomodada com o som e depois ter que pagar couvert.
Também tenho minhas restrições a bares e restaurantes com música ao vivo. Acho q só cai bem se for em restaurantes realmente pequenos, q comportem poucos clientes. Caso contrário, como falou a Sarah, as vozes dos clientes começam a competir com a música e fica horrível... Nao dá nem pra conversar direito nem pra ouvir a música.
Ow, e vc ja pensou como musico, e nao como cliente? Deve ser uma experiencia igualmente ruim... Pq o(a) cantor(a) fica lá cantando sem ninguem curtir a musica... Total desprestigio. Tudo bem q deve ajudar a pagar as contas no fim do mes, mas, se ele for mesmo apaixonado por musica, nao deve ser la mto bom.
realmente, marcos, acho q deve ser péssimo para o músico toca e ser ignorado. maysa uma vez jogou um sapato em um grupo q conversava enquanto ela cantava (vi isso na minissérie).
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