quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

CHAZEIRA // Uma experiência... E dois incríveis chás! – Parte I

Eloína Telho
Colunista de Chá do Gastronomix

Há pouco tempo, estive no Rio Grande do Sul, como você bem sabe (já falamos de alguns locais bem especiais de Porto Alegre, Gramado e Canela, lembra?). Nessa viagem, por indicação de minha querida amiga paulista-goiana-gaúcha Débora, resolvi passar por Três Coroas, para conhecer o Templo Budista Khadro Ling, sede da Chagdud Gonpa Brasil, uma organização sem fins lucrativos destinada ao estudo e prática do Budismo Tibetano.

A 32 km de Gramado, a sede foi fundada em 1995 . Nas terras do Khadro Ling, há um templo construído e ornado dentro das tradições artísticas tibetanas. Além de abrigar retiros e cerimônias budistas, o templo principal e outros monumentos do lugar – como estátuas, estufas, rodas de oração e uma réplica de uma Terra Pura – estão abertos à visitação pública.
Um pedacinho do Templo, em Três Coroas

Não, não sou budista, como você deve estar pensando agora. Mas admiro muito a filosofia oriental, que harmoniza bem demais com chá, é claro.  E mesmo em viagens, a gente precisa de pausas para respirar, sentir e processar tudo o que estamos conhecendo. Para isso, nada melhor do que um lugar lindo e colorido, debaixo de um céu azul-Brasília, no topo de uma montanha, cercado de silêncio e introspecção.
Este céu... Ai, ai!

Uma comunidade de praticantes budistas mora no Khadro Ling e também em seu entorno. Eles são responsáveis pela manutenção das atividades e dependências do centro por meio de trabalho voluntário. E a minha primeira surpresa chazística veio de um desses praticantes, dono de um café cheio de charme, que fica bem à esquerda de quem sai do Templo, do lado de fora mesmo, que se chama Platoo Café e Jardim.
Lá em cima, o Platoo Café e Jardim

Cláudio Silva, engenheiro, paisagista, especialista em fruticultura, é quem comanda o café. Budista há treze anos, decidiu, há três, se fixar na região, em terras particulares, para se dedicar às atividades do Templo – é o jardineiro do local -  e desenvolver um trabalho social com a comunidade ribeirinha carente; a essas pessoas, ensina o valor da terra, bem como orienta a produção de artesanato a partir das pedras do local e formação de mudas. Com a atriz Lucélia Santos, realiza oficinas de teatro. Paralelamente, para seu sustento, desenvolve projetos paisagísticos particulares e mantém o café, em que tudo é preparado por ele. E nesse “tudo” tem capricho e delicadeza inigualáveis!

A entrada

O lugar, por si, já vale a visita. Cláudio me explicou que foi tudo construído a partir de desapego das pessoas. Janelas e portas descartadas, xícaras e pratos doados, chás presenteados por amigos viajantes. O que parece ter sido milimetricamente pensado e montado é, na verdade, resultado de desapego.  De tempos em tempos, ele próprio se desfaz de alguns objetos, para que novos cheguem e a energia possa circular. É lindo perceber como tudo é tão diverso e, ao mesmo tempo, harmonioso. É delicioso sentar, pedir um chá e ver, dali, o tempo passar.
Um charme!

Para o serviço de chá, havia uma variedade incrível à disposição. Escolhemos, eu e marido, um chá (Moroccan Mint) e uma infusão (African Solstice) da Tea Forté, uma marca gringa super cuidadosa e premiada, que amo e não encontro com facilidade. Antes de sermos servidos, fomos abençoados com uma prece e recebemos de presente um incenso, com uma mensagem mais do que adequada sobre impermanência. Momento de pura poesia, para ficar gravado no coração.
Os chás...

Quando já nos despedíamos, Cláudio me disse que o carro-chefe da casa é uma infusão por ele preparada. Compartilhou o preparo, para que você possa também testar em casa, que tal? Misture maçã, suco de limão, cravo, canela, banana inteira bem madura, sem a casca, e deixe ferver por duas horas, em fogo baixo. Após esse tempo, basta coar e servir. Se quiser, pode também congelar um pouco da bebida, em cubinhos de gelo, para depois bater com a infusão quente.  De acordo com ele, é essa mistura que faz surgir aquela espuminha incrível sobre a infusão. Conte-me se fizer a experiência por aí... Mas eu ainda acho que você deveria mesmo testar o dele, nesse local mais do que incrível!

Essa é a primeira parte de um dia muito especial. Na semana que vem, tem continuação, pra você não se cansar de mim. Quando digo que o chá é bem mais que planta, água e xícara, ainda tem quem duvide... Acredita?

O quê? Onde?  Templo Budista Khadro Ling, em Três Coroas/RS (http://templobudista.org/). Platoo Café e Jardim (@platoo_cafeejardim, no Instagram; @platoocafeejardim, no Facebook), na Rua Arnaldo Port, 1284, antiga Estrada Águas Brancas, em Três Coroas/RS.

Quando? O Templo funciona às quartas às sextas, das 9h30 até 11h30 / das 14h às 17h; aos sábados e domingos, das 9h00 até 16h30. Grupos precisam agendar pelo sítio eletrônico. Esporadicamente, fecham para retiros, então é bom sempre confirmar o funcionamento antes de ir. O Platoo funciona de quarta a sábado, de 11 ás 17h.

Ah, se quiser me acompanhar pelo Instagram ou Facebook , lá estão as imagens que ilustram na prática tudo o que falamos por aqui, feitas a partir do meu #momentomágico: @chazeira (insta) ou @eloinachazeira (face) . Apareça por lá, pra não morrermos de saudade até a próxima quinta, certo?

Beijos e bons chazinhos! J

2 comentários:

Unknown disse...

Impossível não ficar morrendo de vontade de conhecer cada um dos cantinhos dessa sua viagem!! Lindo demais!

Eloína Telho disse...

É tão a sua cara! Vc iria amar! Beijo, chuchu!