quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

ALMANHAC // Culinária alemã não é só chucrute e cerveja

Rosualdo Rodrigues
Colunista de Variedades do Gastronomix 

No que você pensa quando se fala em culinária alemã? Joelho de porco? Salsicha? Cerveja, claro, para acompanhar? É bem provável que sim. Mas a cozinha do país europeu é bem mais diversificada do que os clichês nos fazem imaginar.

O German National Tourist Board (GNTB) escolheu o tema culinária alemã para a campanha global de marketing e promoção turística do país ao longo de 2018. Isso porque apenas 7% dos turistas escolhem a Alemanha pensando na gastronomia.
Entre os brasileiros, a taxa de interessados nas comidas e bebidas germânicas é maior — 30%, de acordo com o DZT – Centro de Turismo Alemão. Mesmo assim, devem chegar lá pensando uma coisa e descobrir muitas outras.

A diversidade da culinária alemã pode surpreender. Nos 16 estados da federação alemã, cada uma tem vida cultural própria e isso se reflete na gastronomia. Uma área favorece a pastagem, a outra o cultivo de vinho e em outra a produção de frutas e legumes.

Dá só uma olhada como o cardápio pode guardar surpresas numa volta pelo país:
Alta Saxônia: é a região produtora do queijo Harzer (foto acima), feito de coalho, de baixíssimo teor de gordura (1%). Produzidos há centenas de anos, é, geralmente, pequeno e redondo. Alguns deles ganham bolor branco e outros, vermelho (este com sabor mais intenso).

Baden-Württemberg: na região de Stuttgart, uma das especialidades é o Maultaschen, espécie de ravióli de carne e espinafre. Dizem que monges, proibidos de comer carne na Quaresma, inventaram a receita para driblar a regra.
Baixa Saxônia: a couve é bastante consumida nesta região, especialmente no inverno, acompanhado de pinkel, uma salsicha de aveia, bacon, barriga de porco, cebola e ervas.

Baviera: aqui é popular a salsicha weisswurst (salsicha branca), feita com vitela e porco e aromatizada com cebolas e salsa fresca. Costuma ser consumida em cervejarias antes do meio-dia, acompanhada de mostarda doce, pretzels e cerveja.
Berlim: comida de rua é uma antiga tradição na capital alemã e o currywurst (foto acima) é um xodó dos berlinenses que o compram em quiosques desde 1930. A iguaria é degustada com cinco tipos diferentes de molhos de curry, um mais apimentado que outro.

Brandenburg: o pepino produzido na Floresta Spree é muito exportado, mas também consumido localmente em inúmeras receitas e modos de consumo. Tem até um tour de 260km, no qua é possível provar pratos os mais diferentes e acompanhar o processo de cultivo e preparo, do campo até a boca.
Bremen: em 1673 foi aberto na cidade o primeiro café e aí a bebida virou uma paixão local. Bremem é maior polo de comercialização do grão e possui dezenas de simpáticos e antigos cafés (o da foto é o Teestuebchen im Schnoor). São comuns as visitas guiadas às casas de torrefação.

Hamburgo: é hábito ir ao Mercado de Peixe todo domingo de manhã comer rolinhos do pescado. Entre eles, os rollmops, preparados há mais de 300 anos: filé de peixe de sabor acentuado (como arenque) enrolado em cebola ou pepino e curtido em vinagre. Dizem que é ótimo pra curar ressaca.
Hessen: a cidra Ebbelwei é sua bebida mais popular. Costuma ser consumida em todas as casas, sobretudo nos arredores de Frankfurt. Ideal para acompanhar costeletas de porco, salsichas e chucrute.

Mecklenburg-Pomerânia Ocidental: é típico na região o espinheiro (Sea buckthorn), arbusto rico em vitaminas e minerais, cujos frutos são utilizados em óleos, remédios, cosméticos, chás, conservas, licores e vinho.
Renânia do Norte-Vestefália: além de ser grande produtora de cerejas, a região abriga numerosas cervejarias. Muitas oferecem visitas guiadas e workshops. Em Dortmund, há um enorme museu dedicado à bebida.


Renânia-Palatinado: é a região que mais produz vinho na Alemanha. Podem ser provados nas muitas tabernas mantidas por vinicultores. Vários festivais ocorrem entre meados de agosto e o início de outubro.
Saar: nesta região, a dica gastronômica é se deliciar com uma genuína dibbelabbes (foto acima): batata ralada, alho-poró, bacon e ervas cozidos em uma panela tradicional (chamada dibbe no dialeto local) e acompanhado de um caseiro purê de maçã.

Saxônia: o stollen (foto abaixo), um bolo sofisticado de massa fermentada e frutas secas, era um alimento para o período de jejum desde os tempos medievais. Hoje, é tão querido na Saxônia, que tem até um evento, o Stollen Festival, em Dresden, em dezembro. Receitas de família são vendidas em mais de 130 endereços na cidade.
Schleswig-Holstein: concentra mais de 120 variedades de queijo, a maioria artesanal. A Rota do Queijo permite ao turista degustar variados tipos produzidos a partir de leite de vaca, ovelha e cabra. Dos mais suaves aos maduros, picantes e até doces.

Turíngia: bolinhos redondos de batata ralada, chamados Thuringian klösse, são tão queridas nesta região que até ganharam um museu, em Heichelheim. O espaço mostra aos visitantes como o bolinho é preparado e oferece degustação.

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