quarta-feira, 29 de novembro de 2017

ALMANHAC // Café, de coisa do diabo a criação divina

Rosualdo Rodrigues
Colunista de Variedades do Gastronomix

Em se tratando de alimentos, torna-se difícil precisar como alguns deles foram descobertos ou passaram a ser consumidos. Talvez por isso existam tantas histórias míticas e lendas a respeito de certos ingredientes. Do café, por exemplo, sabe-se que surgiu na Abissínia (ou Império Etíope, hoje os territórios de Etiópia e Eritreia), lá pelo século 9.

Perdem-se no tempo as referências à existência da bebida, mas há na África uma história que “explicaria” sua origem. Conta-se que um guardador de cabras, chamado Kaldi, percebeu que seus animais, após ingerirem as frutinhas vermelhas de uma planta desconhecida, ficaram muito agitados. Curioso, resolveu experimentar ele mesmo. Ao comê-las, sentiu-se leve e vigoroso.
Quando soube do episódio, o abade de um mosteiro nas proximidades detectou ali artimanha do demônio. Pegou então as frutinhas e atirou-as ao fogo. Foi então que se desprendeu das chamas um aroma tão agradável que deixou todos em volta fascinados. Inclusive o abade, que no mesmo instante mudou de ideia e passou a ver a planta como uma criação divina.

Interessante é que no início o café era apenas comido. Diz a história que no século 10, as tribos nômades misturavam-no a gordura animal em pequenos bolos, e era fascinadas pelo efeito estimulante da comida. O consumo do café na forma líquida só começou a se popularizar no século 16, quando era posto de molho em água fria. Os árabes foi quem se deram conta de que fervido em água era muito melhor.

Aliás, as bagas vermelhas do café também despertaram fascínio e medo entre os árabes. Alguns deles consideravam as propriedades da bebida contrárias às leis do profeta Maomé (!).

Fonte: Alimentos com História (uma edição portuguesa em fascículos). Foto: uma dessas reproduzidas ad infinitum na Internet. 

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