segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

EU RECOMENDO // A descoberta de sabores na Índia

Bruno Cusatis
Convidado especial do Gastronomix


Conhecer a Índia é uma experiência que não se esquece por todo o resto da vida. A longuíssima jornada de avião serve para assinalar, incontestavelmente, que se desembarca ali em uma porção diferente do mundo, onde toda uma civilização vive há milênios sob um paradigma diferente do que conhecemos. O trânsito, as roupas, a organização social e, seguramente, as comidas da Índia têm uma dinâmica própria, que marcam a experiência de quem visita.

Ao mesmo tempo em que é fascinante e delicioso, comer na Índia é difícil. Muitos restaurantes nas ruas das cidades são considerados bons para as pessoas de lá, porém não inspiravam confiança, especialmente com relação à limpeza. Por esse motivo, busquei comer em alguns lugares específicos, como bons hotéis. Mesmo sem estar hospedado, eles estão abertos para quem deseja conhecer os restaurantes.

Em Nova Déli, o
Hotel Shangri-La tem um café da manhã muito diversificado. Há cozinhas de todo o mundo ali, já nas primeiras horas do dia. Café da manhã pro gosto europeu, pro gosto norte-americano, muitas opções chinesas e comida indiana, minha preferência na viagem. Do que mais gostei foi lassi, uma bebida feita com iogurte. Por cima, jogam lascas de pistache e de amêndoas que tornam mais gostosa a bebida!
À noite pedi samosas, provavelmente o aperitivo mais conhecido da Índia, no restaurante Tamra. São pequenos pasteis triangulares recheados com batata, ervilhas, pimentões e uma série de especiarias. Foram bem mais picantes que as samosas que comi no Brasil. Aliás, a comida indiana é carregada de condimentos, e cada família e cada cozinheiro desenvolve sua própria masala, sua mistura de especiarias e de temperos para cozinhar. Contaram que já introduzem a picância desde cedo na infância, para adaptar o paladar. Efetivamente, ao final de 15 dias já estava bem mais resistente à comida picante que nos primeiros dias.

Uma entrada muito leve e refrescante é o dahi bhalla, comum no norte da Índia. São bolinhos de grão de bico fritos e mergulhados em água fria. Joga-se por cima coalhada, calda de tamarindo, sementes de romã, pistache, lentilhas, noodles crocante etc. Por sinal, os nomes de muitos pratos indianos foram inéditos para mim e um convite para que eu fizesse perguntas e conversasse com os chefs e com os garçons. Dal, por exemplo, significa lentilha, e aloo significa batata.

Fiquei impressionado positivamente com a atenção e com a amabilidade das pessoas. Em Jaipur, capital do estado do Rajastão, o Jai Mahal Palace é uma antiga residência do rei de Jaipur. Em uma dessas conversas rápidas, o chef, entusiasmado em poder apresentar a gastronomia indiana, amavelmente ofereceu de presente a degustação de alguns pratos.
Entre outras coisas provei dosa, um crepe cuja massa é feita de arroz e lentilhas negras. É montado em forma de cone, recheado com batata e outros legumes e servido com diferentes tipos de chutney. Também comi biryani, um prato que mistura arroz basmati, cordeiro e a infinidade de temperos da masala.

Não é incomum tornar-se vegetariano durante uma viagem para a Índia. A comida vegetariana é substanciosa, e a condimentação é forte o suficiente para que não se sinta falta da carne. Nas poucas vezes em que comi carne, comi frango e carneiro. Quando visitei mercados e armazéns, verifiquei que todo alimento na Índia vem com uma bolinha colorida na embalagem. Se a bolinha é verde, o produto é totalmente vegetariano; se a bolinha é vermelha, o produto tem nos ingredientes algo animal.


Estar na Índia é uma oportunidade de conhecer templos, palácios, fortes, pessoas e histórias que muitas vezes são pouco conhecidos no ocidente. A comida, sem dúvidas, tem papel protagonista nessa experiência. Há uma infinidade de opções no cardápio que vale a pena conhecer. O paladar volta certamente mais rico!

Tamra

Shangri-La’s – Eros Hotel
19, Ashoka Road, Connaught Place
Nova Déli – Índia
Telefone: + 91 11 4119 1010

(*) Bruno Cusatis é formado em Relações Exteriores pela Universidade de Brasília (UnB).

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