quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

AO PÉ DO OUVIDO// E o novo do David Bowie, hein?

Por Rosualdo Rodrigues

Muita mídia em torno do novo disco de David Bowie, The next day, o primeiro que ele lança depois de uma década – o mais recente foi Heathen, de 2003. No início de janeiro, foi um burburinho em torno do lançamento, no YouTube, do vídeo de uma das faixas, Whereare you now?. Esta semana, mais um, Thestars (Are out tonight). E mais espaço na imprensa. Os mais jovenzinhos devem até estar se perguntando por que tanto alarde em torno desse “velhinho”.
O disco inteiro, no entanto, já chegou às mãos das autoridades no assunto música lá da Inglaterra. Assim, The next day só estará à venda a partir do dia 11, mas todo mundo já estará sabendo que os especialistas ouviram e adoraram. “O primeiro álbum de músicas novas de David Bowie em uma década mostra o músico influente de volta ao seu melhor, disseram críticos britânicos”, anunciou a Reuters, prestigiosa agência de notícias.
Claro que tudo é meticulosamente planejado pelo pessoal da comunicação da gravadora para que a volta de Bowie permaneça nos meios impressos e eletrônicos o maior tempo possível. Afinal, nestes tempos em que a vida útil de uma novidade não dura mais que um suspiro, nem Sir David Bowie, com todo seu currículo, escapa.

Na verdade, o Sir está aí como ironia. O título ele recebeu da rainha Elizabeth em 2003, mas declinou: “Nunca tive intenção de aceitar qualquer coisa desse tipo. Eu, seriamente, não sei para que serve. Não é aquilo para o que eu passei a vida trabalhando”. E parece ser esta mesma elegante contenção que Bowie emprega no trabalho.
Apesar de o barulho midiático seguir as regras dos tempos atuais, as duas músicas lançadas passam a impressão de um artista não muito preocupado em causar impactos para chamar a atenção do público. Com a serenidade dos seus 66 anos, Bowie se limita a fazer o que sabe fazer muito bem. Where are you now? e The stars (Are out tonight) soam como uma feliz retomada do ponto em que ele parou, dez anos atrás. E não há porque exigir mais de quem tem a folha de serviços prestados ao pop que David Bowie tem.

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