domingo, 3 de fevereiro de 2013

ABOBRINHAS // Qual é o melhor?

Luciano MilhomemColunista de Alimentação Natural do Gastronomix

Qual é o melhor restaurante de comida vegetariana em Brasília? Já ouvi essa pergunta mais de uma vez e confesso que não tenho uma resposta. A gente sempre tem preferências, claro. Quando as menciono, segue-se a óbvia questão: por quê? Gosto é gosto, e mesmo se tratando de gastronomia, que conta com tantos connoisseurs, acho que há certa subjetividade nas escolhas. Com essa ressalva, ouso apontar as casas de comida vegetariana (ou natural) que mais me agradam na capital federal.
O restaurante Terra Viva, na Asa Norte, está entre meus favoritos. Acho o cardápio bastante variado: pizzas (imperdíveis), pastéis (especialíssimos), tortas, arroz integral com misturas diversas, saladas; além do previsível, ou seja, folhas, legumes, frutas. Há sobremesas e muitas opções de suco também. Acho tudo muito saboroso. O preço (self-service a quilo) está um pouco abaixo da média do mercado — R$ 35 (dias uteis) e R$ 39 (domingos e feriados). O fato de ficar em um subsolo e de haver, por parte dos donos, pouca preocupação com a decoração do espaço, é secundário para mim. Sempre encho o prato no Terra Viva. Não dá para resistir.
Foto: Groupon
Outro de minha predileção é o Naturetto, também na Asa Norte. Ali o espaço físico é mais aprazível. A maioria das mesas fica ao ar livre. O bufê é igualmente variado. Diferentemente do Naturetto Família, na Asa Sul, não há nessa filial o “sacrilégio” de uma grelha para quem aprecia carnes. A casa faz jus ao nome e só tem comida natural. Permite-se no máximo dois pratos à base de peixe. Fica nisso. O preço (self-service a quilo) é o de mercado — R$ 42,90 (a sobremesa tem peso diferente: R$ 37,90 o quilo).

Ainda na Asa Norte, recomendo A Tribo. De todos, é o mais preocupado com o visual. Também self-service, tem o diferencial dos pratos quentes em grandes tachos e panelas. Tudo parece estar mais quentinho. A carta de sucos, por sua vez, satisfaz paladares variados. As mesas do lado de fora são bem decoradas, e o ambiente é bastante agradável. Acho que há menos de variedade no cardápio de A Tribo, mas o restaurante é um pouco mais sofisticado que a média dos concorrentes. O quilo custa R$ 43,90.
No meu bairro, o Sudoeste, segue sem concorrência o Lótus Azul. A proposta da casa é servir comida natural. Por isso, oferece ao menos um prato de peixe e outro de frango. A ênfase, porém, está no cardápio sem carnes. O bufê de saladas e o de sobremesas ficam um pouco a desejar em termos de variedade, mas os pratos quentes (excelentes) compensam com opções para os gostos mais diversos. A feijoada de soja e as lasanhas de vegetal são marcas registradas da casa, que tem decoração caprichada e, talvez em função disso, preço um pouco mais elevado — R$ 44,90.

Há poucos dias, o Lótus Azul deu início a um treinamento com o chef Sebastian Parasole. Está reformulando o cardápio e promete muitas novidades, entre elas a produção própria de congelados, seguindo a linha saudável, e etiquetas estilizadas com o valor nutricional de carboidratos, proteínas, gorduras e a informação sobre o produto conter ou não glúten.
Foto Guia Uol
Na Asa Sul, meu predileto é o Girassol. Apesar de estar sempre cheio, a comida, ainda que sem grandes sofisticações, vale a pena. O preço está na média — R$ 39,50. Há variedade de sucos e sobremesas. Como nas demais casas do ramo, conta com sortido empório de produtos naturais. A decoração é básica. As mesas do lado de fora, aos fundos da quadra, são bem disputadas, possivelmente pela proximidade das árvores e pela distância da rua. A casa também oferece cursos e palestras relacionados à adoção de uma vida mais saudável.

Ainda sinto falta da Oca da Tribo, que um incêndio destruiu em 2011 — de longe, o restaurante natural mais agradável em termos de ambiente e decoração em Brasília. Era uma oca de fato, o que acabou por prejudicá-lo. O fogo consumiu a palha e a madeira em minutos.

Brasília possui dezenas de restaurantes vegetarianos, naturais, macrobióticos, veganos. Esses são apenas os meus prediletos. Outros adeptos da comida sem carnes talvez tenham preferências diferentes da minha. Desconheço restaurantes desse tipo ruins na cidade.

Levo em conta a variedade do cardápio, o sabor da comida e o ambiente. Mas não sou crítico gastronômico, então lanço aqui a sugestão: que os bons chefs ou especialistas em gastronomia da capital visitem essas casas e elejam as melhores após criteriosa avaliação. O resultado seria útil tanto aos proprietários quanto aos freqüentadores. Confesso, desde já, minha curiosidade para saber quais entrariam nessa lista.

2 comentários:

Wanderley Passador Filho disse...

Interessante a matéria. Ressalvo, porém, que o título não faz juz aos restaurantes apresentados. Nem todos são vegetarianos, como os citados Naturetto e Lótus azul, que possuem carne em seu cardápio. Há que se dizer, ainda, que não ficou claro se o jornalista equipara a comida vegetariana - "Vegetariano é alguém que se alimenta basicamente de grãos, sementes, vegetais, cereais e frutas, com ou sem o uso de lacticínios e ovos.
Os vegetarianos excluem o uso de todas as carnes animais, incluindo peixe e frango, embora sejam correntes algumas definições mais abrangentes, como semi-vegetariano ou pixo-vegetariano, que incluem dietas com consumo esporádico de peixe ou marisco." (www.centrovegetariano.org) - à comida natural - "alimento natural vem sendo utilizada frequentemente com significados distintos. Sem discriminação, a naturalidade nos alimentos toma variadas formas.
A legislação brasileira informa o que é o alimento in natura: 'todo alimento de origem vegetal
ou animal, para cujo consumo imediato se exija apenas, a emoção da parte não comestível e
os tratamentos indicados para a sua perfeita higienização e onservação' (BRASIL, 1969).
Pela perspectiva acadêmica, tem-se o conceito técnico de alimento natural, como estabelecem
Rozin e colaboradores (2004: 151): 'por item natural quer-se dizer aquele que não foi mudado
de nenhuma forma significativa pelo contato com humanos. Ele pode ser colhido e
transportado, mas tem sua essência quimicamente idêntica ao mesmo item em seu lugar natural'. (http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2007_TR610460_9791.pdf), ou se o intuito era apontar as casas de comida vegetariana ou natural que mais lhe agradam na capital federal.

Luciano disse...

Wanderley, grato por seu comentario. Na verdade, o titulo da cronica nao faz nenhuma mencao ao vegetarianismo. Diz apenas "Qual é o melhor?". Ao longo do texto, observe que menciono restaurantes de comida vegetariana (ou natural). Ficou claro, ou pelo menos era essa a intencao, que comento restaurantes que privilegiam uma comida natural, onde vegetarianos podem comer bem, independentemente de haver carnes ou nao. Sobre os esclarecimentos quanto ao conceito de vegetariano, evidentemente os conheco e ja abordei essa questao em textos anteriores, quando explico justamente por que nao me considero um vegetariano stricto sensu. Alias, retomo esse tema com frequencia. O blog destina-se a um publico bem amplo. Entao, procuro dar opcoes tanto a quem so come vegetais quanto quem acompanha um vegetariano. Raramente alguem sai para comer sozinho. Em tempo: o blog passa por uma reformulacao, e o titulo desta coluna devera mudar, justamente para ficar mais preciso e nao gerar polemica em torno do vegetarianismo stricto sensu. Obrigado. Abracao. Luciano.