quarta-feira, 18 de julho de 2012

AO PÉ DO OUVIDO//Bom conteúdo, boa embalagem

Por Rosualdo Rodrigues

Eu diria que o CD está tendo uma sobrevida. A praticidade do MP3 e o culto ao vinil se juntaram pra botar pra baixo o disquinho prateado. Ele, no entanto, não vai desaparecer da noite pro dia. Afinal, ainda há um público consumidor que convive há pelo menos duas décadas com o formato e não pretende abrir mão do prazer de contemplar uma capa ou folhear um encarte enquanto ouve o disco.

Aliás, acho que aí está a solução para que o CD continue provocando cobiça até mesmo em um público mais jovem, que já cresceu com o tocadorzinho de MP3 no bolso: ideias inovadoras na embalagem, com projetos gráficos interessantes, que despertem no consumidor a vontade de ter.Foi o que aconteceu recentemente, quando comprei Porfiado (foto acima),  da banda urugaia El Cuarteto de Nos, só porque me apaixonei pelo traço infantil da capa. Ainda bem que o conteúdo também era de qualidade, um rock básico, enxuto, com letras inteligentes e bem-humoradas (como a de No te invite a mis cumpleanos).


Outro projeto gráfico tão, digamos, mimoso quanto o do Cuarteto é o da trilogia Close up, de Suzanne Vega. São três discos (Vol. 1 – Love songs, Vol. 2 – People & places e Vol. 3 – States of being), lançados separadamente, mas que formam um conjunto tão bonito que quase não faz sentido tê-los em separado.  E vêm em capinhas de papelão, o que poupa espaço na prateleira.


O mesmo formato foi adotado em Early takes  Vol. 1 , de George Harrison, que em comum com os discos de Suzanne Vega tem a boa qualidade do conteúdo. Creio que já falei aqui dos discos de Suzanne antes: são recriações acústicas de músicas de diferentes fases da carreira dela, separadas por temas, como indica o título de cada disco. Uma coisa intimista, delicada.

A
ssim também é, de certa forma, o disco de Harrison, com versões demo de  músicas como Sweet lord (sem a guitarra chorosa, que a gente acaba ouvindo na imaginação), Run of the mill e Let it be mine. O CD funciona como trilha sonora do documentário Living in the material world, de Martin Scorsese, que conta a vida do ex-beatle e sua relação com a espiritualidade (e, ao que me consta, ainda inédito aqui).


Voltando às capas, uma grande ideia é a da Warner, que começou a lançar no ano passado a Original Album Series. São caixinhas com cinco CDs de determinado artista, cada um deles em capinhas iguais às dos vinis, em miniatura. A série contempla diferentes gêneros musicais. Tem de Herbie Hancock a Madonna, de A-ha e Simply Red a Tom Jobim...

Por fim, tem o recente lançamento da discografia do Los Hermanos em projeto muito parecido com o da Original Album Series, e com a vantagem de trazer os encartes de cada um dos cinco discos. Quem é fã da banda vai querer ter, mesmo que não se desfaça dos CDs com capa de plástico.

3 comentários:

ana disse...

el cuarteto de nos é uma banda uruguaia. ;)

Rosualdo Rodrigues disse...

eita, ana, tem razão. a produção inclusive é de juan campodonico, do bajofondo... comprei em buenos aires e isso me confundiu.

Rosualdo Rodrigues disse...

corrigido no texto. valeu!