
Filho de artista que resolve seguir a carreira dos pais sabe que, de cara, será mais cobrado do que qualquer outro iniciante. Mas, pelo menos na música, algo curioso acontece ultimamente: quanto mais cresce o número de filhos de famosos que seguem a carreira musical, menos é o peso da comparação. Isso porque “os meninos” estão cada vez mais donos de si e, mesmo quando ostentam o sobrenome conhecido, se impõem pelo que são capazes de fazer, e não por uma suposta herança genética que os obriga a ser geniais.
O caso mais recente é o de Júlia Bosco, filha de João Bosco. Aos 31 anos, ela estreia com um disco carregado de referências, mas que consegue tranquilamente atravessar o labirinto de informações para criar a própria personalidade. Tranquilidade, aliás, parece ser algo da natureza de Júlia, que trabalhou como consultora de gestão na Petrobras por oito anos (enquanto dava canjas por aí) e só decidiu pela carreira de cantora quando se sentiu segura o bastante para isso.

A mistura evidencia a eclética memória musical de alguém que cresceu vendo a boa música brasileira brotar dentro de casa e ouvindo as divas do jazz e da soul music no toca-discos do pai. E que mais tarde descobriu Bjork, Amy Winehouse... O arremate vem na voz aconchegante de Júlia e nos arranjos, de uma leveza que remete a tardes preguiçosas de verão.
E por falar em verão, Marcos Valle participa em Curtição. O outro convidado é papai João, emprestando seu inconfundível dedilhado de violão em Na oração. Nenhum dos dois foi chamado por acaso. Curtição foi inspirada pela música do autor de Samba de verão. Na oração nasceu da lembrança de uma viagem que Júlia fez a Istambul com o pai e a mãe, Ângela.
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