AO PÉ DO OUVIDO// "A coluna recomenda"

Por Rosualdo Rodrigues

Na linha "a coluna recomenda", aqui vão mais quatro discos lançados recentemente e que valem a pena ser conhecidos.

+ do que parece, de Lucina

A dupla Luli e Lucina produziu muita música boa nos anos 70/80. Depois, Lucina ampliou suas parcerias. Assinou músicas com Suely Mesquita, Alzira E., Fred Martins… Mas neste disco ela registra nove músicas que compôs com Zélia Duncan. Embora seu timbre lembre bastante o da própria Zélia, Lucina consegue imprimir sua marca na interpretação dessas canções. A voz grave acompanha a suavidade e a sutileza dos arranjos intimistas, dominados por violões e guitarras. Suave e sutil também são as entradas dos convidados especiais, como Tetê Espíndola (belo duo em Na areia) e Anelis Assumpção (Tomzé e Sem suspiros). É um disco delicado, para ouvir no aconchego.

The ultimate collection, de Sade

Esta coletânea dupla atualiza Sade — Best of, lançada em 1994 e que permanecia até hoje como a única compilação da obra da cantora. Best of tinha 16 faixas, The ultimate collection, 29, incluindo os remixes de The moon and the sky (com uma interferência chatinha do rapper Jay Z.) e By you side (feita pelo DJ Neptune). Além disso, o repertório faz uma cobertura tão ampla quanto possível dos seis álbuns de Sade, desde Diamond life (de 1984) até Soldier of love, lançado no passado, depois de uma intervalo de 10 anos sem um disco de estúdio (o último era, até então, Lovers rock, de 2000).

Sundays in New York, de Traincha

A cantora holandesa ficou conhecida por aqui a partir dos discos em que interpreta canções de Burt Bacharach. Mas mostra que é capaz de ir mais longe neste CD, gravado em Los Angeles. Acompanhada pela The Clayton-Hamilton Jazz Orchestra, ela dá frescor a músicas que, interpretadas antes por alguns dos melhores vocalistas da música americana, poderiam soar dèja-vú, como Try a little tenderness, Trust in me, When I fall in love e People get ready. Não que o repertório seja óbvio. Além de standards, inclui exemplares menos conhecidos do rhythm’n’blues.

Vários em um, de Zé Ricardo

Em 12 canções — assinadas somente por ele ou em parcerias com Edu Krieger, Davi Moraes, Jorge Salomão e Dudu Falcão, entre outros —, o carioca Zé Ricardo honra seu posto de herdeiro da black music brasileira. Embora seja claramente inspirado por nomes como Banda Black Rio e Cláudio Zoli, ele dá uma pegada própria ao suingue do soul e do funk, seja ao optar por uma leveza que traz charme todo particular a suas criações ou por assimilar elementos do samba. Plínio Profeta dá o acabamento necessário na produção, além de se responsabilizar pelas batidas, programações e guitarras.