sexta-feira, 6 de maio de 2011

ABOBRINHAS // Comidinha de mãe

Luciano MilhomemColunista de Alimentação Natural do Gastronomix

Eu ainda era adolescente quando minha mãe virou para os filhos e anunciou: “A partir de hoje, não sirvo mais carne de porco para vocês.” Ela havia lido um artigo sobre alguns dos possíveis malefícios desse alimento. Que eu me lembre, ninguém chiou. Nem precisaria. Não se tratava de imposição. Quem quisesse poderia, de vez em quando, comer uma pizza de calabresa ou uma lingüiça frita fora de casa. De qualquer forma, acho que tive ali o pontapé inicial para a dieta semivegetariana que eu adotaria anos mais tarde.

Minha mãe sempre teve interesse por leituras sobre formas mais saudáveis de vida. Daí sua decisão de introduzir mais vegetais e frutas e menos carnes em nossa dieta. Nada radical, porém. Quando minha irmã do meio decidiu espontaneamente parar de comer carne bovina, ninguém abriu a boca – nem para louvar, nem para condenar a iniciativa. Minha mãe passou a providenciar para que ela tivesse sempre acesso às chamadas carnes brancas.

O tempo passou, e chegou a vez de eu influenciar minha mãe. Já adulto, quando interrompi definitivamente o consumo de carnes vermelhas, ela me acompanhou. Acho que a motivei, mesmo sem fazer proselitismo. Pode ter havido também certa visão de comodidade por parte dela. Afinal, à época, como ainda hoje, eu almoçava na casa dela quase todos os dias. Para facilitar, o que ela preparava para mim preparava para si mesma. Simpática à minha dieta, isso não chegava a ser para ela nenhum sacrifício.

Algo semelhante se deu quando parei de comer carne de aves. Ela não abandonou completamente o frango, como eu, mas reduziu seu consumo drasticamente. E assim foi com a adoção do arroz e do macarrão integrais e de maior quantidade de fibras na mesa do almoço. Mãe é mãe. Costuma fazer tudo pelos filhos. A minha não é diferente. Além de seguir minha dieta, ela fez questão de aprender a preparar pratos sempre diferentes para que eu (e ela) nunca enjoasse dos mesmos. Resumo da ópera: tornou-se exímia na arte da cozinha sem carnes.

O tema desta crônica, obviamente, não é acidental. Em vista do Dia das Mães, presto homenagem a minha e a todas as outras mães que tornam mais fácil a vida dos filhos, inclusive à mesa. E, para abusar ainda mais da boa-vontade da minha adorável genitora, pedi a ela algumas receitas que me alegram o paladar sempre que vou à casa dela. Como se diz, nada se compara a comidinha de mãe. Seguem as dicas. Espero que agradem.

Suflê de espinafre
Ingredientes -1 maço de espinafre
- 2 colheres de sopa de manteiga
- 4 ovos
- Sal
- Pimenta do reino
- 2 copos de leite
- 2 colheres de sopa de farinha de trigo
-1/2 xícara de queijo parmesão ralado

Preparo - Cozinhe as folhas do espinafre em água e sal por 2 minutos, escorra-as e deixe-as esfriar. Prepare o molho branco: em uma panela, doure um pouco a farinha de trigo e vá despejando o leite devagar, coloque um pouco do tempero e mexa continuamente para evitar grumos. Separe as gemas dos ovos. Bata apenas as claras em neve. Pique as folhas do espinafre e junte-as ao molho. Em seguida, acrescente as gemas. Verifique se o fogo está apenas morno, para não cozinhar as gemas. Junte o queijo e, por último, as claras em neve. Coloque tudo em uma pirex untada com manteiga e leve ao forno médio por mais ou menos 20 minutos ou até que doure.

Couve-flor gratinada

Ingredientes
- 1 pé de couve-flor médio
- 3 ovos
- 2 colheres de sopa de queijo ralado
- Sal
- Azeite

Preparo
Separe os bulbos (ou “flores”) e corte os talos. Lave os bulbos em água corrente e coloque-os para cozinhar por 20 minutos em água quente em quantidade suficiente para cobri-los. Bata as claras em neve e depois junte as gemas e o queijo ralado. Tempere a gosto. Passe as flores por essa mistura e leve-as à frigideira aquecida com pouco azeite. Doure cada um dos lados e coloque-as sobre papel absorvente. O prato cai bem com arroz ou um risoto de sua preferência.
Torta de liquidificador

Ingredientes
- 3 ovos
- 2 xícaras de farinha de trigo
- 1 e 1/2 xícara de leite
- 1 xícara de caldo de legumes
- 1/2 xícara de óleo
- Fermento em pó
- 2 xícaras de mussarela picada
- 2 tomates sem sementes picados
- 1/2 cebola picada
- 1 xícara de jardineira de legumes cozidas por 8 minutos e frias
- 2 colheres de chá de orégano

Preparo Bata no liquidificador os ovos, a farinha, o leite, o caldo de legumes, o óleo e o fermento. Despeje essa massa em uma forma untada, distribua sobre ela os demais ingredientes (mussarela, tomates, cebola, legumes, orégano) e cubra-os com o restante da massa. Leve tudo ao forno por 30 minutos ou até que fique dourado. Rende até seis porções.

3 comentários:

Anônimo disse...

Na minha infância não tinha consciência da boniteza do mexer nas panelas. Hoje, sim! Consigo ter clareza da importância, de tantas e tantas vezes, ver a minha mãe com as mãos sujas de farinha e ovo, preparando bolos, pães e tantas outras delícias. Agora sei, ela estava fazendo muito mais que nos alimentar.

Dilza disse...

Adorei ser lembrada na sua crõnica.
Qual a mãe que não quer agradar o filho!.
Você é o meu garoto, de quem me orgulho muito, e adoro fazer as comidas que gosta!!!
Tenho mais receitas de sua preferência, e também gosto de
experimentar novos pratos,
e sempre coloco corações em sua comida por isto você sempre elogia.
Grata por escolher ser meu filho,
e hoje me carregar no "colo"...

soninha disse...

Olá...Também sou vegetariana e percebi que ao deixar as carnes passei a alimentar-me bem melhor com as frutas,legumes,verduras,cereais e integrais.O couve gratinado eu o faço com molho branco sem ovos,fica,também,muito gostoso.abçs.