quarta-feira, 24 de novembro de 2010

AO PÉ DO OUVIDO // Duas cantoras incríveis...


Por Rosualdo Rodrigues

Duas cantoras fantásticas e seus discos incríveis reafirmam a ideia de que a música brasileira é uma fonte que não se esgota. Quando tudo parece repetição, sempre surge algo de novo e de bom, como Êfêmera, de
Tulipa Ruiz, e Onde mora o segredo, de Arícia Mess.

Tulipa ainda está na categoria "revelação". É a cantora de quem todo mundo está falando. E bem. Aliás, foi de tanto ouvir falar a respeito que procurei no YouTube algo dela. Vi uns vídeos gravados ao vivo e não achei nada demais, mas quando ouvi Efêmera entendi o motivo do ti-ti-ti e tive a convicção de que ainda vou ouvir falar muito da moça. A voz é afinadíssima e tem um agudo incrivelmente suave.

Ela compõe quase todas as músicas, que transitam entre o lirismo típico da chamada MPB e uma ótima levada pop. As letras são inusitadas, fogem do rame-rame romântico habitual, e os arranjos demonstram um saudável entrosamento entre os músicos, tipo trabalho de banda. A ordem das árvores é uma das melhores faixas do disco.

Arícia Mess não é novata, há tempos aparece como autora nos discos de um monte de gente. Mas só agora lança o segundo álbum. E Onde mora o segredo faz a gente se perguntar por que uma artista como ela leva tanto tempo para gravar. Curioso que o nome de Arícia sempre me chamou atenção. Diferente, sonoro, elegante, chique. E todos esses adjetivos se aplicam, de certa forma, à música dela, brasileiríssima, mas com influências de soul, funk (o black, dos anos 1970).

Um suingue incrível. Porta aberta é o melhor exemplo disso. Outra coisa que chama a atenção no disco são as regravações de Black is beautiful e Clariô, que conseguem ser interessantes mesmo se confrontadas com as excelentes gravações de Elis Regina e Gal Costa.

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