Por Rosualdo Rodrigues
Acaba de sair no Brasil o disco fantástico de uma banda de rock portuguesa. O disco se chama Catalogue raissoneé; a banda, Clã. Eles já tinham participado de uma coletânea brasileira, chamada Eu não sou cachorro mesmo, em que várias bandas regravavam sucessos populares dos anos 70. Escolheram Tortura de amor, de Waldik Soriano. Uma bela gravação, que não tem nada de brega.
Imagino que nove entre 10 brasileiros não botam fé numa banda portuguesa de rock. Claro, há certo preconceito. Muitos ainda veem Portugal como um país antigo, que só combina com fado e vira. Mas é bom lembrar que Lisboa e Porto são cidades modernas, onde circulam pessoas antenadas. Aliás, muito mais próximas das grandes capitais européias do que nós.
Por isso mesmo, embora não chegue aqui com a mesma intensidade que a música brasileira chega lá, a música portuguesa é cheia de coisas novas e interessantes. Caso do Clã, que combina vigor roqueiro com boas melodias, letras que podem soar inusitadas aos nossos ouvidos e uma ótima vocalista, Manuela Azevedo, de voz delicada, à moda de Fernanda Takai, mas com mais atitude e visceralidade (sem demérito para Takai, que é boa a sua maneira).
Mas, independentemente disso, vale lembrar que mesmo o fado há muito deixou de ser somente Amália Rodrigues. Que o digam Marisa, Mísia e Antònio Zambujo, principais representantes de uma vertente mais moderna do gênero, ao qual incorporam elementos de jazz, música brasileira e outras influências. Marisa ao vivo é uma das coisas mais emocionantes que alguém pode testemunhar em termos de performance musical. Mísia, radicada em Paris, tem um visual exótico, uma presença igualmente forte. Zambujo é muito influenciado pela música brasileira, põe no fado a leveza da bossa... E nem falemos do óbvio: Madredeus e Teresa Salgueiro.
Aliás, é curioso, mas fado me abre o apetite, sempre me lembra boa comida e vinho. Tem coisa mais portuguesa?
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
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