Colunista de Variedades do Gastronomix
No que você pensa quando se fala em culinária alemã? Joelho de porco?
Salsicha? Cerveja, claro, para acompanhar? É bem provável que sim. Mas a
cozinha do país europeu é bem mais diversificada do que os clichês nos fazem
imaginar.
O German National Tourist Board (GNTB) escolheu o tema culinária alemã
para a campanha global de marketing e promoção turística do país ao longo de
2018. Isso porque apenas 7% dos turistas escolhem a Alemanha pensando na
gastronomia.
Entre os brasileiros, a taxa de interessados nas comidas e bebidas
germânicas é maior — 30%, de acordo com o DZT – Centro de Turismo Alemão. Mesmo
assim, devem chegar lá pensando uma coisa e descobrir muitas outras.
A diversidade da culinária alemã pode surpreender. Nos 16 estados da
federação alemã, cada uma tem vida cultural própria e isso se reflete na
gastronomia. Uma área favorece a pastagem, a outra o cultivo de vinho e em
outra a produção de frutas e legumes.
Dá só uma olhada como o cardápio pode guardar surpresas numa volta pelo
país:
Alta Saxônia: é a região produtora do queijo Harzer (foto acima), feito
de coalho, de baixíssimo teor de gordura (1%). Produzidos há centenas de anos,
é, geralmente, pequeno e redondo. Alguns deles ganham bolor branco e outros,
vermelho (este com sabor mais intenso).
Baden-Württemberg: na região de Stuttgart, uma das especialidades é o
Maultaschen, espécie de ravióli de carne e espinafre. Dizem que monges,
proibidos de comer carne na Quaresma, inventaram a receita para driblar a
regra.
Baixa Saxônia: a couve é bastante consumida nesta região, especialmente
no inverno, acompanhado de pinkel, uma salsicha de aveia, bacon, barriga de
porco, cebola e ervas.
Baviera: aqui é popular a salsicha weisswurst (salsicha branca), feita
com vitela e porco e aromatizada com cebolas e salsa fresca. Costuma ser
consumida em cervejarias antes do meio-dia, acompanhada de mostarda doce,
pretzels e cerveja.
Berlim: comida de rua é uma antiga tradição na capital alemã e o
currywurst (foto acima) é um xodó dos berlinenses que o compram em quiosques
desde 1930. A iguaria é degustada com cinco tipos diferentes de molhos de
curry, um mais apimentado que outro.
Brandenburg: o pepino produzido na Floresta Spree é muito exportado,
mas também consumido localmente em inúmeras receitas e modos de consumo. Tem
até um tour de 260km, no qua é possível provar pratos os mais diferentes e
acompanhar o processo de cultivo e preparo, do campo até a boca.
Bremen: em 1673 foi aberto na cidade o primeiro café e aí a bebida
virou uma paixão local. Bremem é maior polo de comercialização do grão e possui
dezenas de simpáticos e antigos cafés (o da foto é o Teestuebchen im Schnoor).
São comuns as visitas guiadas às casas de torrefação.
Hamburgo: é hábito ir ao Mercado de Peixe todo domingo de manhã comer
rolinhos do pescado. Entre eles, os rollmops, preparados há mais de 300 anos:
filé de peixe de sabor acentuado (como arenque) enrolado em cebola ou pepino e
curtido em vinagre. Dizem que é ótimo pra curar ressaca.
Mecklenburg-Pomerânia Ocidental: é típico na região o espinheiro (Sea
buckthorn), arbusto rico em vitaminas e minerais, cujos frutos são utilizados
em óleos, remédios, cosméticos, chás, conservas, licores e vinho.
Renânia do Norte-Vestefália: além de ser grande produtora de cerejas, a região abriga numerosas cervejarias. Muitas oferecem visitas guiadas e workshops. Em Dortmund, há um enorme museu dedicado à bebida.
Renânia do Norte-Vestefália: além de ser grande produtora de cerejas, a região abriga numerosas cervejarias. Muitas oferecem visitas guiadas e workshops. Em Dortmund, há um enorme museu dedicado à bebida.
Renânia-Palatinado: é a região que mais produz vinho na Alemanha. Podem
ser provados nas muitas tabernas mantidas por vinicultores. Vários festivais
ocorrem entre meados de agosto e o início de outubro.
Saar: nesta região, a dica gastronômica é se deliciar com uma genuína
dibbelabbes (foto acima): batata ralada, alho-poró, bacon e ervas cozidos em
uma panela tradicional (chamada dibbe no dialeto local) e acompanhado de um
caseiro purê de maçã.
Saxônia: o stollen (foto abaixo), um bolo sofisticado de massa
fermentada e frutas secas, era um alimento para o período de jejum desde os
tempos medievais. Hoje, é tão querido na Saxônia, que tem até um evento, o
Stollen Festival, em Dresden, em dezembro. Receitas de família são vendidas em
mais de 130 endereços na cidade.
Schleswig-Holstein: concentra mais de 120 variedades de queijo, a
maioria artesanal. A Rota do Queijo permite ao turista degustar variados tipos
produzidos a partir de leite de vaca, ovelha e cabra. Dos mais suaves aos
maduros, picantes e até doces.
Turíngia: bolinhos redondos de batata ralada, chamados Thuringian
klösse, são tão queridas nesta região que até ganharam um museu, em
Heichelheim. O espaço mostra aos visitantes como o bolinho é preparado e
oferece degustação.
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