Colunista de Variedades do Gastronomix
A mandioca é mais que um ingrediente na culinária brasileira, é um
elemento cultural. Uma das mais fortes heranças que recebemos dos índios. A
farinha que se faz dela, então, nem se fala.
Durante o Brasil Colônia, farinha de mandioca era comida de escravos.
Os brancos, porém, descobriram que podiam usá-la para conservar alimentos, daí
a incluíram no farnel dos viajantes, misturando-a a outros alimentos. Não
demorou para a farinha chegar também às mesas do senhorio.
Hoje não dá para imaginar a gastronomia brasileira sem a farinha.
Grossa, fina, amarela, d’água, de puba… Seu consumo resiste à modernização de
costumes gastronômicos. É produzida e consumida, pura ou na farofa, em
quase todo o país.
Por isso mesmo continua a ser produzida em larga escala, ainda que suas
origens estejam ligadas a uma agricultura de subsistência. Mas, o curioso,
é que ainda é fabricada, em grande parte, pelos mesmos métodos utilizados pelos
índios.
Já pensou em feijoada sem farofa?
E isso implica envolvimento de muita gente, criando todo um processo
de socialização. A raspagem das raízes, por exemplo, exige a participação de um
grande número de pessoas. Vira, então, reunião de amigos.
E
farofa de ovos? Quem é que não gosta?
Depois de descascada, a mandioca é triturada ou ralada, prensada,
espremida para tirar a manipueira (como é chamado o líquido venenoso da raiz),
enxugada, peneirada e torrada. Como se vê, dá um trabalho danado.
Embora existam casas de farinha no Brasil inteiro, a produção
sobressai no Norte e no Nordeste. No Recôncavo Baiano, por exemplo, o
produto até deu nome a uma cidade, Nazaré das Farinhas.
Fotos: do
alto, www.palmares.gov.br; do meio, Freepik; de baixo, Pixabay
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