Eloína Telho
Colunista de Chá do Gastronomix
Há pouco tempo, estive no Rio Grande do Sul, como você bem sabe (já
falamos de alguns locais bem especiais de Porto Alegre, Gramado e Canela,
lembra?). Nessa viagem, por indicação de minha querida amiga
paulista-goiana-gaúcha Débora, resolvi passar por Três Coroas, para conhecer o
Templo Budista Khadro Ling, sede da Chagdud Gonpa Brasil, uma organização sem
fins lucrativos destinada ao estudo e prática do Budismo Tibetano.
A 32 km de Gramado, a sede foi fundada em 1995 . Nas terras do Khadro
Ling, há um templo construído e ornado dentro das tradições artísticas
tibetanas. Além de abrigar retiros e cerimônias budistas, o templo principal e
outros monumentos do lugar – como estátuas, estufas, rodas de oração e uma
réplica de uma Terra Pura – estão abertos à visitação pública.
Um
pedacinho do Templo, em Três Coroas
Não, não sou budista, como você deve estar pensando agora. Mas admiro
muito a filosofia oriental, que harmoniza bem demais com chá, é claro. E mesmo em viagens, a gente precisa de pausas
para respirar, sentir e processar tudo o que estamos conhecendo. Para isso,
nada melhor do que um lugar lindo e colorido, debaixo de um céu azul-Brasília,
no topo de uma montanha, cercado de silêncio e introspecção.
Este
céu... Ai, ai!
Uma comunidade de praticantes budistas mora no Khadro Ling e também em
seu entorno. Eles são responsáveis pela manutenção das atividades e
dependências do centro por meio de trabalho voluntário. E a minha primeira
surpresa chazística veio de um desses praticantes, dono de um café cheio de
charme, que fica bem à esquerda de quem sai do Templo, do lado de fora mesmo,
que se chama Platoo Café e Jardim.
Cláudio Silva, engenheiro, paisagista, especialista em fruticultura, é
quem comanda o café. Budista há treze anos, decidiu, há três, se fixar na
região, em terras particulares, para se dedicar às atividades do Templo – é o
jardineiro do local - e desenvolver um
trabalho social com a comunidade ribeirinha carente; a essas pessoas, ensina o
valor da terra, bem como orienta a produção de artesanato a partir das pedras
do local e formação de mudas. Com a atriz Lucélia Santos, realiza oficinas de
teatro. Paralelamente, para seu sustento, desenvolve projetos paisagísticos
particulares e mantém o café, em que tudo é preparado por ele. E nesse “tudo”
tem capricho e delicadeza inigualáveis!
A
entrada
O lugar, por si, já vale a visita. Cláudio me explicou que foi tudo
construído a partir de desapego das pessoas. Janelas e portas descartadas,
xícaras e pratos doados, chás presenteados por amigos viajantes. O que parece
ter sido milimetricamente pensado e montado é, na verdade, resultado de
desapego. De tempos em tempos, ele
próprio se desfaz de alguns objetos, para que novos cheguem e a energia possa
circular. É lindo perceber como tudo é tão diverso e, ao mesmo tempo,
harmonioso. É delicioso sentar, pedir um chá e ver, dali, o tempo passar.
Um
charme!
Para o serviço de chá, havia uma variedade incrível à disposição.
Escolhemos, eu e marido, um chá (Moroccan Mint) e uma infusão (African
Solstice) da Tea Forté, uma marca gringa super cuidadosa e premiada, que amo e
não encontro com facilidade. Antes de sermos servidos, fomos abençoados com uma
prece e recebemos de presente um incenso, com uma mensagem mais do que adequada
sobre impermanência. Momento de pura poesia, para ficar gravado no coração.
Os
chás...
Quando já nos despedíamos, Cláudio me disse que o carro-chefe da casa é
uma infusão por ele preparada. Compartilhou o preparo, para que você possa
também testar em casa, que tal? Misture maçã, suco de limão, cravo, canela,
banana inteira bem madura, sem a casca, e deixe ferver por duas horas, em fogo
baixo. Após esse tempo, basta coar e servir. Se quiser, pode também congelar um
pouco da bebida, em cubinhos de gelo, para depois bater com a infusão
quente. De acordo com ele, é essa
mistura que faz surgir aquela espuminha incrível sobre a infusão. Conte-me se
fizer a experiência por aí... Mas eu ainda acho que você deveria mesmo testar o
dele, nesse local mais do que incrível!
Essa é a primeira parte de um dia muito especial. Na semana que vem,
tem continuação, pra você não se cansar de mim. Quando digo que o chá é bem
mais que planta, água e xícara, ainda tem quem duvide... Acredita?
O quê? Onde? Templo Budista Khadro Ling, em Três Coroas/RS
(http://templobudista.org/). Platoo
Café e Jardim (@platoo_cafeejardim, no Instagram; @platoocafeejardim, no
Facebook), na Rua Arnaldo Port, 1284, antiga Estrada Águas Brancas, em Três
Coroas/RS.
Quando? O Templo funciona às
quartas às sextas, das 9h30 até 11h30 / das 14h às 17h; aos sábados e domingos,
das 9h00 até 16h30. Grupos precisam agendar pelo sítio eletrônico.
Esporadicamente, fecham para retiros, então é bom sempre confirmar o
funcionamento antes de ir. O Platoo funciona de quarta a sábado, de 11 ás 17h.
Ah, se quiser me acompanhar pelo
Instagram ou Facebook , lá estão as imagens que ilustram na prática tudo o que
falamos por aqui, feitas a partir do meu #momentomágico: @chazeira (insta) ou
@eloinachazeira (face) . Apareça por lá, pra não morrermos de saudade até a
próxima quinta, certo?
Beijos e bons chazinhos! J
2 comentários:
Impossível não ficar morrendo de vontade de conhecer cada um dos cantinhos dessa sua viagem!! Lindo demais!
É tão a sua cara! Vc iria amar! Beijo, chuchu!
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